A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) realizou uma pesquisa com 223 empresas que delineou uma visão clara sobre os planos de investimento da indústria gaúcha para o ano atual. Os resultados revelam uma tendência preocupante de redução nos investimentos projetados. A Pesquisa de Investimento 2023-2024, que abrangeu 188 empresas da Indústria de Transformação e 35 da Construção, constatou uma queda nos investimentos do setor no ano anterior, refletindo um cenário econômico incerto marcado por uma demanda fraca, desaceleração global, altas taxas de juros e restrições no acesso ao crédito.
De acordo com os dados compilados pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da Fiergs, apenas 64% das empresas investiram em 2023. Este número superou em 10,1 pontos percentuais as expectativas iniciais, em que apenas 54% das empresas afirmaram ter a intenção de investir, 36% parcelaram, além de outros cancelamentos e transferências.
Ruben Bisi, vice-presidente de Indústria da CIC, contextualiza os resultados da pesquisa, tendo em vista o cenário econômico nacional desde 2022, referente aos desafios enfrentados pelo setor industrial.
Ao mesmo tempo, o grau de efetivação dos planos de investimento também foi baixo e caiu em 2023 frente ao ano anterior. Apenas quatro em cada dez empresas (40,2%) que tinham planos de investimentos para 2023 conseguiram realizá-los totalmente como planejado.
A pesquisa identificou os principais obstáculos que impediram a efetivação dos investimentos pela indústria gaúcha em 2023, com destaque para a incerteza econômica, citada por 68,6% das empresas entrevistadas, seguida pela queda nas receitas (60%) e a expectativa de demanda insuficiente (57,2%). Essa incerteza, presente desde o final de 2022, está intimamente ligada às questões fiscais e contribui para a hesitação das empresas em realizar investimentos significativos.
Além disso, segundo a pesquisa, a aquisição de máquinas e equipamentos novos foi a principal natureza do investimento da indústria gaúcha em 2023, realizado por 71,8% das empresas, cujo objetivo principal, apontado por 53,9%, foi mecanizar a produção industrial.
Quanto aos investimentos planejados para 2024, as projeções indicam um recuo significativo, potencialmente alcançando o menor nível da série histórica. Somente 61,3% das indústrias gaúchas têm planos de investimento para este ano, representando uma queda de 2,8 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Ruben Bisi analisa os motivos por trás dessa redução e fornece uma compreensão mais aprofundada das tendências observadas no empresariado.
Os objetivos predominantes dos investimentos planejados para 2024 incluem aumentos ou melhorias no processo produtivo atual e na capacidade instalada, citados por 39,8% e 38,2% das empresas, respectivamente. A maioria das empresas (64,7%) planeja financiar esses investimentos com recursos próprios, com foco principal no mercado interno, priorizado por 65,6% das empresas entrevistadas.