A vitória do republicando, Donald Trump, nas recentes eleições presidenciais dos Estados Unidos surpreendeu muitos analistas, que esperavam uma eleição mais apertada. Segundo o cientista político Augusto Neftali Corte de Oliveira, da PUC/RS, o resultado reflete o descontentamento com o governo de Joe Biden, especialmente, devido à inflação e à crise migratória, fatores que prejudicaram a popularidade da administração democrata.
Portanto, Oliveira acredita que a vitória de Trump marca uma mudança significativa na política interna e externa dos EUA, com implicações globais.
“A eleição de Trump reflete uma insatisfação com a administração Biden e traz consequências importantes, especialmente para o Brasil”, afirma.
No campo da política externa, o cientista acredita que a expectativa é que Trump adote uma abordagem mais pragmática e focada nos interesses dos EUA. Já em temas como a Ucrânia e a ONU, espera-se, segundo Oliveira, que o novo governo se distancie dos esforços multilaterais, priorizando as necessidades americanas. De acordo com o entrevistado, a política ambiental também deve ser revertida, com um maior incentivo à indústria de petróleo e gás, em vez de políticas voltadas ao combate ao aquecimento global.
Para Oliveira, o Brasil deve evitar que questões ideológicas prejudiquem as relações com os Estados Unidos. Ele alerta para o risco de, ao buscar se alinhar a um lado ideológico, o Brasil acabe prejudicando suas relações comerciais e políticas com os EUA.
“É essencial que o Brasil foque em interesses pragmáticos, sem se envolver em disputas internas americanas”, afirma.
E a imigração deverá ser uma das principais pautas do governo Trump. Oliveira destaca que as políticas rigorosas do presidente americano, como a construção do muro na fronteira e a deportação em massa de imigrantes, devem ser retomadas, dificultando a imigração, inclusive para brasileiros.
“A expectativa é de restrição ainda maior, o que afetará diretamente aqueles que buscam uma vida nos Estados Unidos”, conclui.
Neste sentido, o cientista político acredita que a eleição de Trump promete um período de incertezas, não só para os EUA, mas também para o Brasil, que precisará lidar com um governo mais voltado para seus próprios interesses e menos preocupado com soluções globais.