Impotência. Acho que esse seria o sentimento que todos os gaúchos vem sentindo nos últimos dias. A água vem sento impiedosa, levando tudo que está na sua frente, destruindo famílias, sonhos e até um pouco da esperança por dias melhores. Como olhar para tudo que está acontecendo e ver algo positivo? Mas, o povo gaúcho é forte, é corajoso e vem mostrando muita perseverança no momento em que o outro mais precisa.
Caxias do Sul foi uma das cidades atingidas pelas fortes chuvas./ Tudo começou ainda na segunda-feira (29) e desde então, houve poucos momentos em que os céus deram uma trégua. E esse acúmulo de água gerou diversas consequências, tanto no perímetro urbano quanto no interior, além de quatro mortes e três desaparecidos, dentre elas, uma senhora de 80 anos que foi levada pela correnteza na madrugada da quinta-feira. Desta forma, medidas drásticas precisaram ser tomadas como o decreto de calamidade pública. O Prefeito de Caxias, Ádilo Domenico, destaca que para restaurar a cidade e interior demorará meses.
Na quarta-feira (1°), o governador do Estado, Eduardo Leite em entrevista coletiva ressaltou que o Rio Grande do Sul deve ter o maior desastre natural registrado. Com a atuação por meio de um gabinete de crise, o Secretário- chefe da Casa Civil, Arthur Lemos, pousou em Caxias do Sul, onde seguiu para Bento Gonçalves. Enquanto o chefe de gabinete, Euclides Maria da Silva Neto seguiu para São Sebastião do Caí para acompanhar a situação na região.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também esteve no Estado e destacou que não faltará nada para o Estado e ajudará no que estiver no seu alcance.
E não foi apenas Caxias que foi impactada na região da Serra Gaúcha, cidades como Farroupilha, Bento Gonçalves, Garibaldi e Santa Tereza também sofreram diversas perdas tanto materiais quanto de pessoas, principalmente no trânsito devido os diversos deslizamentos de terra que ocasionaram o bloqueio de estradas estaduais e federais.
A Prefeita de Santa Tereza, Gisele Caumo, diz que mesmo com a cidade sendo assolada pela enchente do Rio Taquari pela terceira vez em poucos meses, não vai desistir do município.
Além disso, os transtornos também causaram certo pânico nas cidades devido a possibilidade de falta de abastecimento de alimentos e outros itens essenciais, porém, também atrapalha aqueles que só vieram para a cidade para uma curta viagem. É o caso de Everton Pires veio de Porto Alegre para trabalhar uns dias em Caxias e ficou ilhado no município. Observando os altos gastos com hotel, a saída foi buscar por um abrigo no Ginásio do SESI, um dos espaços que estão ajudando os desabrigados.
Outro caso é do Paulo Ricardo Santos, que foi para o ginásio do Sesi junto com a esposa e os animais de estimação em busca de abrigo. Ele relata como foi deixar a casa.
E como pode ser visto, os animais também precisam de atenção. A Diretora da FAS, Susana Códova, reforça que os companheiros de quatro patas estão sendo aceitos nos abrigos do município.
Porém, mesmo com todos os esforços. Há muito a se fazer. Até esta sexta-feira, a Defesa Civil do Estado registrava 235 municipios atingidos, mais de sete mil pessoas em abrigos, cerca de 23 mil desalojados, 345 mil afetados, 74 feridos, 74 desabrigados e mais de 30 mortes, mas a solidariedade está prevalecendo. Em Caxias do Sul, já há diversos pontos de doações e voluntários trabalhando para oferecer um momento de acolhimento nesse momento tão difícil. Com a possibilidade do rompimento da barragem Dal Bó, no bairro Fátima, a moradora Tanara Beaxu resolveu ajudar quem precisava.
Em menos de um ano, o Rio Grande do Sul foi desolado. Muitas perdas foram registradas, mas a solidariedade também se provou a maior qualidade do povo gaúcho. E como diz o nosso hino “mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra. Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda Terra.”