As joias são documentos do tempo, representando uma das formas de arte mais antigas da civilização humana. Desde os primórdios, quando eram confeccionadas com materiais naturais como conchas, ossos, madeira e pedras, a joalheria evoluiu, passando a utilizar metais e pedras preciosas como ouro e prata. Com raízes que remontam a mais de 100 mil anos, a joalheria surgiu, inicialmente, com um propósito funcional, como prender tecidos, mas rapidamente se transformou em adorno, expressando status, identidade e beleza. Esta arte, sem dúvida, acompanha a humanidade desde os seus primeiros passos.
Há mais de 40 anos, o joalheiro, escultor e artista Cesar Cony se dedica à arte do manuseio com metais. Um dos pioneiros da Joalheria Autoral no Rio Grande do Sul, Cony também foi um dos fundadores do Brique da Redenção, em Porto Alegre. Em 1995, ele criou a Escola Gaúcha de Joalheria que, ao longo de 15 anos, formou e inspirou uma nova geração de joalheiros no Estado. Atualmente, reside em Farroupilha, onde mantém seu atelier, desenvolve coleções de joias em metais nobres e pedras preciosas, além de se dedicar à produção de esculturas e projetos pessoais.
Dialogando com a moda e as artes visuais, a Joalheria Autoral tem ganhado destaque no cenário brasileiro e se constituindo num mercado altamente promissor, inclusive no Estado. Desde o ano passado, Cesar Cony retomou o curso prático de joalheria autoral na Universidade de Caxias do Sul (UCS), onde ensina todas as etapas da criação de uma joia, que consiste em fundir, recozer, laminar, cortar, serrar, limar, lixar, fazer fio, soldar e polir e todas essas etapas são desenvolvidas nas aulas. O curso, voltado para iniciantes, fornece todos os materiais necessários e está na quarta edição. As aulas iniciam dia 25 de setembro e as inscrições podem ser feitas até o dia 2 de setembro através do site da UCS, o link você encontra no site da Rádio Caxias. (https://sou.ucs.br/extensao/detalhes/joalheria-autoral-EXT033444/ )
Segundo Cony, seu objetivo é compartilhar o conhecimento que lhe foi transmitido há quatro décadas, quando um renomado joalheiro da época abriu as portas de seu atelier para lhe ensinar, algo raro naquela época. De acordo com Cony, ele foi aprendendo com a vida, pois quando começou ele “não sabia bem o que estava fazendo, pois sou (era) autodidata. E a coisa toda foi bem intuitiva.’’ Ciente da importância desse aprendizado e das dificuldades que enfrentou para alcançar, Cony se sente comprometido a replicar esse conhecimento e expandir o alcance dessa arte.
Publicitária aposentada, Flávia Franzói encontrou na joalheria autoral uma nova paixão que a conquistou por completo. Ao se inscrever no curso, ela buscava uma atividade que a permitisse canalizar sua criatividade, mas acabou descobrindo um mundo repleto de detalhes e possibilidades que lhe encantaram. Hoje, imersa nessa arte, Flávia ocupa a mente e o coração com o minucioso trabalho de transformar metais e pedras em verdadeiras obras de arte.
O resultado são os olhos que reforçam certezas, abrem caminhos e percorrem a estrada do autoconhecimento. Joias que dialogam com pessoas que reinventam possibilidades e aceitam a simetria da vida da mesma forma como a natureza encanta pela imperfeição equilibrada. A joia artesanal se torna um tesouro repleto de significado e lembranças preciosas e foi por esse simples motivo que a Márcia Skalei se encantou com o trabalho por meio da Escola Gaúcha de Joalheria e, hoje, utiliza como fonte de renda, para ela a joalheria possibilita trabalhar com o que ama, se conectar com pessoas e, ainda, dar atenção aquilo que define como mais importante, a família.
Ser joalheiro é, acima de tudo, uma arte que nasce do diálogo e da conexão profunda com as pessoas. Cada peça criada é fruto de intensas conversas com o cliente, onde o joalheiro se dedica a compreender suas características, personalidade e desejos mais íntimos. Através dessas trocas, emerge uma compreensão que vai além das palavras, permitindo que a essência do cliente seja capturada e transformada em um objeto único.
A joia resultante não é apenas um adorno; ela é a materialização de histórias, sonhos, beleza e autoestima. Cada curva, cada detalhe é um reflexo da jornada compartilhada entre o joalheiro e o cliente, criando uma peça que carrega consigo o poder de eternizar momentos e de expressar a individualidade de quem a usa.