Este ano, o Brasil celebra os 81 anos da Força Expedicionária Brasileira (FEB), cuja valentia e contribuição, na Segunda Guerra Mundial, marcaram um capítulo notável da história do país. Composta por 25.834 homens e mulheres, a FEB desafiou as expectativas, enfrentando as adversidades da Campanha da Itália, ao lado dos aliados.
A trajetória da Força começou a se desenhar em 1939, quando o Brasil, sob a liderança de Getúlio Vargas, inicialmente, optou por se manter neutro na Segunda Guerra. No entanto, os eventos de 1942, incluindo os torpedeamentos de navios brasileiros por submarinos do Eixo, mudaram o cenário. Com a cessão de bases aos Estados Unidos, o Brasil entrou na guerra. Em 9 de agosto de 1943, a FEB foi criada oficialmente.
Sob o lema “A cobra está fumando”, os integrantes desembarcaram na Europa, em julho de 1944, integrando o Teatro de Operações do Mediterrâneo. Sob o comando do marechal Harold Alexander e, posteriormente, do general Crittemberg, a FEB enfrentou condições climáticas severas nos Apeninos, temperaturas que chegavam a 25 graus negativos, e se destacou pela conquista de posições estratégicas, como Monte Castello e Montese.
A ofensiva da primavera de 1945 marcou o ápice da campanha, com a FEB atacando e conquistando a cidade de Montese, em 14 de abril. A subsequente “Operação Encore”, em conjunto com a 10ª Divisão de Montanha americana, levou à rendição de divisões alemãs e italianas fascistas, em Collecchio e Fornovo di Taro.
Parte desta história pode ser relembrada em Caxias do Sul: cidade de onde partiram diversos combatentes. Neste contexto, o Museu dos Ex-combatentes se torna um marco importante para a eternização dos fatos. Criado em 1976, o museu é vinculado ao Sistema Estadual de Museus e ao Instituto Brasileiro de Museus. A estrutura preserva mais de 12.000 itens, oferecendo exposições que transcendem o espaço físico e invadem o imaginário de quem não viveu aquela época.
Samira Chedid, diretora em exercício dos Museus Municipais de Caxias do Sul, destaca a importância do Museu da FEB como guardião da memória dos ex-combatentes. Aberto ao público de terça a domingo, das 10h às 16h, ele também disponibiliza exposições de curta duração, eventos e material educativo, incluindo o projeto “Caixas de Memória”.
Renato Borssato, estudante de História e mediador no Museu da FEB, enfatiza o papel fundamental do museu em manter viva a memória desses heróis. O projeto “Caixas de Memória”, um kit educacional, busca envolver alunos em atividades como leitura de documentos, pesquisa de campo e uso de vídeos.
A história da FEB é, principalmente, a memória daqueles que foram enviados ao campo de batalha. Entre tantos ex-militares que combateram na Itália, estava o caxiense Alberto Arioli. Ele foi considerado um expoente na divulgação, mantendo viva a memória dos veteranos. Arioli tinha 18 anos, quando se alistou como voluntário para representar o Brasil, na Segunda Guerra, em julho de 1944. Após três meses de treinamento em São Leopoldo, partiu junto com outros militares para o Rio de Janeiro e, de lá, para a Itália.
Como militar da arma de Infantaria (tropa que atua a pé), o caxiense viajou como cabo e retornou com a patente de sargento. Arioli também escreveu um livro, intitulado Cabedelo – A Odisseia de uma Vida. Na publicação, ele trata da participação dos pracinhas caxienses e da região nordeste do Rio Grande do Sul, na Segunda Guerra. Alberto Arioli morreu há três anos, no dia 15 de janeiro de 2021, aos 95 anos, em Caxias. Em 2015, durante entrevista ao programa Café com Letras da TV Câmara Caxias, o ex-combatente contou parte dos momentos vividos durante a guerra.
No ano em que celebra os 81 anos do legado da Força Expedicionária Brasileira, o Museu dos Ex-combatentes de Caxias do Sul não apenas preserva o passado, mas também conecta gerações, enriquece a compreensão da história brasileira e mundial.
O Museu é aberto ao público e recebe visitas de terça a domingo, das 10h às 16h. O endereço é na rua Visconde de Pelotas, 249, no centro da cidade.