Dados colhidos pelo TSE apontam que a campanha eleitoral deste ano registrou número recorde de casos de violência. E esta tem sido a preocupação da Corte Eleitoral brasileira. Subliminarmente, é claro que existem vários tipos de violência. Aquela que é exposta e explícita e que todo mundo vê; aquela que impõe medo e não permite ao outro o direito de falar e contrapor – que no jurídico se chama amplo direito ao contraditório. Outro tipo de violência é aquele que cala, mesmo sabendo que a única arma de defesa seria a pergunta, o questionamento simples que provoca o encontro dos porquês, as razões e o entendimento amplo e pleno do que se quer saber. Neste caso se impõe a violência do não permitir conhecer a verdade escondida; optando por não levantar o tapete para verificação explícita e pública do que existe por debaixo dele.
A essência do jornalismo é constituída de perguntas e respostas. E, quando a combinação de duas fontes de informação resulta na fuga de um debate que nada mais é do que a prestação de contas à sociedade, suscita a pior face da violência: o desrespeito.
Quem foge ou se esquiva do confronto de ideias e se nega a expor o que pensa e ao que vai fazer deixa claro que tem algo a esconder. A vida é feita de respostas – tanto a quem se expõe quanto se esconde; se esconder, mais do que um direito é uma escolha e quem assim age – por combinação ou não – deixa claro que das suas atitudes, os outros não precisam saber.
Quem perde é a sociedade; na perda da imparcialidade da qual gostaria de ser testemunha, assinará um cheque em branco. Ao mesmo tempo ganhará o direito de ficar o tempo todo, desconfiada.
Aqui em Brasília, a presidente do TSE, ministra Carmem Lúcia traduz isso em uma das suas manifestações sobre o processo eleitoral deste ano, da seguinte forma… (acompanhe em áudio).
Quem não deve, não teme!
Paulo Ottaran – Jornalista e correspondente da Rádio Caxias em Brasília