Caxias do Sul, RS – O Rio Grande do Sul, quarto maior produtor de alho do Brasil, enfrenta sérios desafios na comercialização do produto devido às importações, principalmente, da Argentina e da China. Segundo Olir Schiavenin, vice-presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), essa situação tem levado muitos produtores do Estado a reduzir a área de cultivo, devido aos altos custos de produção e à concorrência desleal com o alho importado.
Ainda conforme o dirigente, embora as importações sejam necessárias para suprir a demanda nacional, já que os quatro principais estados produtores (MG, GO, SC e RS) abastecem, apenas, cerca de 60% do consumo interno. Conforme Schiavenin, a entrada de alho estrangeiro, sem cumprir critérios rígidos de qualidade, tem prejudicado os produtores locais. Em 2022, o custo de produção de alho no Brasil ultrapassou, pela primeira vez, os R$ 200 mil por hectare, conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). E segundo Olir, a redução na área plantada no Rio Grande do Sul é um reflexo direto desse cenário. Schiavenin explica que produtores que antes cultivavam grandes extensões agora plantam áreas significativamente menores. Em São Marcos, um dos maiores produtores de alho do estado, a situação é particularmente preocupante. Pois, o ritmo acelerado das importações de alho da Argentina e da China tem impactado fortemente os agricultores locais.
O vice-presidente da Anapa explica que parte do alho argentino, por exemplo, chega ao Brasil sem passar pela etapa de beneficiamento, o que o torna mais barato que o produto nacional, ainda que tenha uma qualidade inferior.
Em 2022, a área de cultivo de alho no Brasil totalizou 18 mil hectares, com uma produção de 23 milhões de caixas de 10 quilos. Em 2023, a quebra de safra chegou próximo dos 30%, situação que deve ocorrer este ano e que poderá impactar o preço final ao consumidor. Tendo em vista que o plantio do alho na Serra Gaúcha, normalmente, é realizado entre junho e julho, e foi prejudicado pelas fortes chuvas, agravando ainda mais a situação dos produtores locais. A Anapa alerta para a necessidade de medidas urgentes para controlar a entrada de alho importado e proteger os produtores brasileiros.