Em atualização recente da Defesa Civil, o Estado registra mais de 134 mil pessoas fora de casa, sendo mais de 18 mil em abrigos e quase 116 mil desalojados. Ao todo, 341 dos 496 municípios gaúchos tiveram algum tipo de problema, afetando ao menos 844 mil pessoas no Rio Grande do Sul.
Diante deste verdadeiro cenário de guerra, a coordenadora de pós-graduação em Gestão de Riscos e Desastres Naturais, da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre, doutora Claudinéia Brazil, explica que a situação vivida no Estado já era uma tragédia anunciada, principalmente, levando-se em conta o monitoramento precário das condições climáticas no Estado e a falta de preparação da população gaúcha para lidar com eventos climáticos extremos, que devem ser cada vez mais comuns, conforme a professora.
Segundo a doutora, o referido gabinete de crise do Estado, criado em novembro de 2023, pouco, ou nada fez, desde então, para evitar que situações como as vividas o ano passado, por duas vezes, no Rio Grande do Sul, se repetissem agora. Afinal, esse é o terceiro, e mais severo evento climático, a atingir o Estado, em menos de nove meses, devastando cidades inteiras, a exemplo de Santa Tereza; e instaurando o caos, inclusive, na capital gaúcha, Porto Alegre.
Claudinéia Brazil pondera que faltou uma preparação efetiva da população, no sentido de serem comunicadas, previamente, acerca das condições adversas do tempo e solicitando a evacuação iminente dessas pessoas das áreas de risco. Portanto, a doutora acredita que não basta dispor de uma rede especializada em monitoramento, antes é preciso obedecer a esses sistemas de alerta, como acontece em outras partes do mundo, a exemplo dos Estados Unidos.
Por falar nisso, a doutora ainda esclarece que o único radar metrológico do Estado, localizado em Pelotas, funciona de forma ineficiente e que o da Aeronáutica não cobre todo o Rio Grande do Sul. Neste sentido, estados vizinhos como: Santa Catarina e Paraná, saem na frente e têm redes mais estruturadas de monitoramento, ou seja, aprenderam com eventos extremos passados.