As super bactérias, termo que evoca imagens de resistência e perigo, têm se tornado uma preocupação crescente na área da saúde. Mas como essas bactérias se tornam tão resistentes aos antibióticos? A médica infectologista da Unimed Nordeste-RS, Dra. Lessandra Michelin, explica quais os fatores envolvidos e as medidas necessárias para enfrentar esse desafio. Ainda mais, quando o Japão anunciou, recentemente, que o país enfrenta um surto, sem precedentes, de uma infecção bacteriana letal.
A infectologista esclarece que a automedicação é um dos principais fatores que contribuem para o surgimento de super bactérias. Isso porque, quando as bactérias são expostas a antibióticos, elas precisam sobreviver à pressão desses medicamentos. Portanto, ao longo do tempo, as bactérias desenvolvem mecanismos de resistência para sobreviver. Além disso, conforme a médica, pacientes freqüentemente internados e expostos a múltiplos antibióticos correm o risco de selecionar bactérias multirresistentes. Lessandra ainda adverte que doenças crônicas, como infecções urinárias recorrentes, também podem levar ao uso excessivo de antibióticos e provocar o surgimento de super bactérias.
Segundo a médica, além da automedicação, o uso de antimicrobianos em alimentos e produtos líquidos também exerce pressão de resistência. Na criação de animais, como gado, frango e porcos, o uso de antibióticos para tratar lesões e infecções pode afetar a carne consumida. Portanto, ela esclarece sobre a importância do uso correto de antibióticos, ou seja, na dose certa, pelo tempo adequado e direcionado a infecções bacterianas reais. Quanto a automedicação, a médica é enfática ao dizer que ela deve ser abolida, e que a avaliação médica é essencial, antes de prescrever qualquer antimicrobiano. Além disso, autoridades de saúde precisam monitorar bactérias multirresistentes, a fim de evitar a sua disseminação. Afinal, embora os vírus se propaguem mais facilmente, as bactérias também podem viajar por mãos e objetos contaminados.
Em tempos de pandemia, como a do Covid-19, a conscientização sobre o uso adequado de antibióticos é ainda mais crucial. Afinal, a resistência bacteriana não conhece fronteiras e exige vigilância constante.