O desafio da reconstrução do Rio Grande do Sul; o momento econômico do Estado; o papel dos governos e a necessidade da adoção rápida de medidas, como restauração da infraestrutura de logística e obras de prevenção a novas tragédias climáticas, foram assunto na reunião-jantar do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs), na quarta-feira (31 de julho) à noite. O encontro teve como tema “O futuro da economia do RS: um olhar para os principais setores produtivos do estado”, apresentado pelos economistas-chefes da Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), Antonio da Luz; da Fiergs (Federação das Indústrias do RS), Giovani Baggio; e da Fecomércio RS, Giovana Menegotto.
“Somente com a união de todos, podemos reconstruir nosso Estado”, disse José Paulo Medeiros, vice-presidente do Simecs, ao lado dos economistas, no palco do restaurante Sica. Eles apontaram um cenário de crescimento negativo da economia do RS e discorreram sobre os setores agropecuário, industrial e de comércio e serviços.
Giovani Baggio lembrou que ainda antes da enchente, a indústria já vinha com baixa produtividade e com dificuldades de logística, entre outros. O economista ressaltou que o PIB da indústria de transformação caiu 5,4% em 2023, abaixo do desempenho que tinha ainda em 2013. E que em 2024, começava a ensaiar uma retomada, quando houve os eventos climáticos de abril e maio. “A tragédia pegou municípios-chave para nossa economia”, disse, citando pesquisa da Fiergs, segundo a qual mais de 80% das indústrias foram de alguma forma impactadas; 63% tiveram que parar em algum momento a produção (a média foi de 14 dias) e enfrentaram problemas como a falta de insumos. O resultado, sinalizou, foi uma queda de 26% na atividade industrial em maio, em comparação a abril deste ano. O economista disse que medidas são apontadas como necessárias à retomada da confiança do setor, como fazer os recursos chegarem, melhorar a infraestrutura e reduzir custos de transporte.
Já no setor agropecuário, as perdas com as cheias foram calculadas em R$ 4 bilhões, incluindo produção e infraestrutura do campo. De acordo com ele, mesmo antes das cheias o setor já não vinha bem, com perdas na safra de quase 7%, fruto de dois períodos de estiagem seguidos. O economista defendeu que agora é preciso reconstruir a infraestrutura sem demora, do contrário, o problema irá perdurar nos próximos anos. “E também as pessoas precisam de ajuda para se reconstruírem, e para isso precisam de seus empregos”, falou. “Não se reconstrói a vida se não se reconstruir as empresas”, afirmou.
A economista da Fecomércio reforçou que o RS tem problemas agravados e cenários novos, e que é preciso recuperar a confiança e ajudar na reconstrução. Giovana Menegotto afirmou que alguns segmentos do varejo, de itens de reposição para casa, até apresentaram maior movimentação em vendas, graças às doações e aos auxílios temporários concedidos pelo governo. Ela chamou atenção, porém, para o médio e longo prazos, passada essa fase de ajuda. A economista defendeu que neste momento são necessários ajustes de políticas públicas para assegurar um maior suporte às empresas e à economia.
Quase 100 pessoas, entre convidados, dirigentes do setor, empresários da indústria e do comércio participaram da reunião-jantar.
Sobre o Simecs
Com 66 anos de atuação, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs) é uma das maiores entidades patronais do Sul do país. Reúne empresas que, juntas, respondem por 73 mil postos de trabalho e um faturamento anual de R$ 50 bilhões. Dentre suas prioridades de atuação estão o impulso à inovação e à competitividade da indústria, a representação dos associados junto às instâncias políticas e econômicas e o incentivo à expansão dos negócios regionais nos mercados nacional e internacional. A sua base reúne os seguintes municípios: Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Cotiporã, Garibaldi, Fagundes Varela, Farroupilha, Flores da Cunha, Guabiju, Nova Pádua, Nova Prata, Nova Roma do Sul, Protásio Alves, São Marcos, São Jorge, Veranópolis, Vila Flores e Vista Alegre do Prata.
Texto: Assessoria de Imprensa Simecs/Divulgação