Em meio às vinhas, o setor vitivinícola brasileiro, em especial o da Serra Gaúcha, luta para se manter competitivo, ainda que precise vencer muitos desafios. O presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Unibra), Daniel Panizzi, explica que o governo precisa compreender a fragilidade desse setor, que vê seus produtos brilharem em concursos internacionais, mas enfrenta dificuldades dentro de casa.
O presidente da Unibra esclarece que o maior problema reside na falta de competitividade de preços nas prateleiras nacionais. Segundo ele, a taxação, já elevada, é outra questão que preocupa os produtores gaúchos. Daniel lembra que, no Brasil, a média de impostos ao longo da cadeia gira em torno de 42%, mas em estados do norte, esse percentual chegaria a quase 60%. Portanto, na opinião dele, em comparação com países como a Argentina, onde a taxação varia de 8% a 21%, fica evidente que os produtores de vinho brasileiros enfrentam um cenário desafiador. Neste sentido, um agravante é o vinho chileno, que entra no Brasil isento de imposto de importação. Conforme Daniel, esse benefício decorre de um acordo bilateral, firmado há anos, permitindo que produtos brasileiros também cheguem ao Chile com as mesmas condições. No entanto, segundo ele, essa situação limitaria o crescimento do setor e dificultaria o desenvolvimento da cultura do vinho em solo nacional.
O dirigente esclarece que o Brasil, com seu vasto território e baixo consumo per capita, é um mercado atrativo para produtores de todo o mundo. Inclusive, países como Portugal, com seus subsídios e forte presença no Brasil, tornam a competição doméstica ainda mais acirrada. Por isso, o setor vitivinícola brasileiro clama por revisão e busca soluções para se desenvolver plenamente. Contudo, e apesar dos desafios, investimentos têm sido feitos em 18 estados brasileiros, onde a produção de uvas ganha força, pondera Daniel. Na exportação, Daniel indica que há isenção de alguns impostos, como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). No entanto, ele também admite que o alto custo de produção, principalmente, em comparação com outros países, onde existem mais subsídios, ainda limita o crescimento no mercado internacional. Portanto, a competitividade permanece como um obstáculo a ser superado.
Daniel acredita que o mercado de exportação, ainda é embrionário no Brasil, pois é preciso enfrentar questões sérias, como o valor dos insumos importados, entraria nessa conta os custos da garrafa e a impressão de rótulos, entre outros. Ele exemplifica, citando o custo de uma barrica no Brasil, algo em torno de R$ 10 mil, enquanto que no Chile, o mesmo item, é encontrado por cerca de US$ 1 mil. Justamente, por isso, ele defende que a regulação do mercado é fundamental para que o setor vitivinícola brasileiro alcance todo o seu potencial.