A morte do escritor, tradutor e professor José Clemente Pozenato, aos 86 anos, foi confirmada na noite desta segunda-feira (25). Ele estava internado em um hospital, em Caxias do Sul, desde o início de novembro, para a troca de uma válvula no coração. Complicações durante o procedimento agravaram o estado de saúde, levando ao falecimento.
Natural de São Francisco de Paula, Pozenato nasceu em 22 de maio de 1938 e viveu grande parte de sua vida em Caxias do Sul. Sua trajetória foi marcada pela valorização da história e da cultura da imigração italiana. Autor do clássico O Quatrilho (1985), obra que alcançou reconhecimento nacional e foi adaptada para o cinema, sendo indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1996, Pozenato também escreveu poesias, crônicas e romances policiais protagonizados pelo Comissário Pasúbio.
Ao longo de sua carreira, Pozenato atuou como professor de Filosofia, colaborador em projetos culturais e secretário de Cultura de Caxias do Sul em 2005, durante o governo de José Ivo Sartori. Nesse período, criou o Programa Permanente de Estímulo à Leitura (PPEL). Em 2021, lançou sua própria editora, dedicada ao relançamento de suas obras e à publicação de novos autores. Recentemente, se dedicava à tradução de clássicos italianos, como Inferno, de Dante Alighieri, e Os Triunfos, de Francesco Petrarca, ambas publicadas pela Editora Pozenato.
Sua estreia na narrativa de ficção ocorreu em 1985 com O Caso do Martelo, que apresentou o personagem Comissário Pasúbio. A obra foi adaptada para a televisão em 1991, na Terça Nobre da TV Globo, com direção de Paulo José. A série de histórias policiais continuou com títulos como O Caso do Loteamento Clandestino (1989), O Caso do E-mail (2000), O Caso da Caçada de Perdiz (2008) e O Caso do Sumiço da Espingarda (2020), última obra ficcional publicada.
Além do sucesso com O Quatrilho, que integra uma trilogia sobre a imigração italiana no Rio Grande do Sul junto com A Cocanha (2000) e A Babilônia (2006), Pozenato foi um nome importante na cena cultural de Caxias do Sul. Em outubro deste ano, participou da Feira do Livro da cidade, debatendo a relação entre poesia e urbanidade.
José Clemente Pozenato deixa a esposa, Kenia Pozenato, com quem celebraria 50 anos de casamento em dezembro, três filhas e três netos, além de um um legado literário e cultural que permanece como referência na Serra Gaúcha e no Brasil. O velório será realizado a partir das 8h desta terça-feira (26), na Capela A do Memorial São José, em Caxias do Sul. O sepultamento está previsto para as 16h, no Cemitério Público Municipal.
Caxias do Sul em luto pela morte de José Clemente Pozenato
Ainda na noite desta segunda-feira, o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) lamentou a morte do escritor José Clemente Pozenato, ressaltando sua importante contribuição para o desenvolvimento de Caxias do Sul.
A prefeita em exercício, Paula Ioris, manifestou profundo pesar pelo falecimento do autor. Em homenagem à significativa contribuição de Pozenato para a cultura e a identidade caxiense, o município decretou luto oficial de três dias.