A tragédia climática está trazendo grandes consequências no Rio Grande do Sul. São mais de 150 vítimas fatais e mais de 100 desaparecidos. As fortes chuvas, enchentes e deslizamentos levam a comparação do momento com a da pandemia, segundo comerciantes que estão nas margens da Rota do Sol.
Antes de apresentar nossos personagens, vamos conhecer mais sobre a Rota do Sol que atravessa o Rio Grande do Sul no sentido leste-oeste. No total são 773 quilômetros de extensão. O começo é no entroncamento com a Estrada do Mar, em Terra de Areia, e vai até São Borja.
Durante a semana, a reportagem da Rádio Caxias percorreu ao todo 512 quilômetros. De Itati até Lajeado acompanhando uma das maiores rodovias do estado. Além de ser um elo da fronteira com o litoral gaúcho, a Rota do Sol é muito mais do que uma estrada. É uma via que serve para chegadas e saídas do RS, tanto de produtos como de turistas.
As fortes chuvas causam preocupação para quem trabalha às margens da Rota do Sol. A via chegou a ser obstruída em algumas partes e acabou prejudicando o tráfego no local. Proprietário de uma tenda entre os quilômetros 245 e 246, Junio Daniel Zili, reabriu o estabelecimento na segunda-feira (13). Entretanto, teme que os impactos sejam maiores na parte financeira daqui pra frente.
Poucos quilômetros adiante, está a banca do seu Anilson Santos, que nunca tinha visto algo tão impactante como o momento atual do RS. A forte chuva assustou o comerciante, que espera que o pior já tenha passado
Comerciante ao lado da Rota do Sol, Paulo Cardoso é otimista e esperançoso pela melhora no trânsito de turistas. Após 12 dias com a banca fechada, o recomeço foi complicado. No início da semana, aconteceu a venda de apenas uma peça de queijo e para um conhecido da região. Há 10 anos trabalhando na tenda, o vendedor acredita que o momento foi mais impactante que na pandemia.
Ainda na Rota do Sol, mas em outro lado da rodovia, está o estabelecimento de Marciano Piavatto. Em Lajeado, o comerciante viu o Rio Taquari subir e os clientes sumir. O desabastecimento de produtos também impactou. Conforme ele, houve uma queda significativa de consumidores.
Além de comerciantes, a Rota do Sol tem fluxo intenso de caminhoneiros. A reportagem teve a oportunidade de conversar com dois motoristas. Maicon de Freitas não fazia esse caminho normalmente, mas devido a bloqueios está optando pela rodovia. Conforme ele, apesar dos inúmeros buracos, é a melhor alternativa no momento.
Dagmar Mendes tem vivido diariamente as consequências das fortes chuvas no RS. O caminhoneiro busca alternativas para driblar as barreiras e tem evitado o deslocamento pela noite, principalmente com receio de deslizamentos.
A Rota do Sol é importante para o deslocamento da produção da Serra com destino ao Litoral e ao Norte do País e o trânsito de turistas da Serra ao Litoral, além de facilitar o deslocamento de cargas e pessoas entre São Francisco de Paula e Terra de Areia. O trajeto da Rádio Caxias encontrou trechos críticos e com muitos buracos. No KM 237, houve a tentativa de recapeamento, mas as fortes chuvas já apresentaram novas lacunas no asfalto. Pouco mais a frente, no KM 240, é o local mais crítico da rodovia, onde caminhões e carros precisam escolher o menor buraco para passar, já que não há possibilidade de fugir.
A rodovia sempre foi alvo de críticas pela condição do asfalto e requer cuidado dos motoristas. Contudo, para quem depende do trânsito da Rota do Sol como o seu Anilson, a esperança é de dias melhores.