Nos últimos anos, a busca por procedimentos estéticos, especialmente a harmonização facial, tem se tornado cada vez mais popular. Muitas pessoas, influenciadas por tendências de celebridades e pelo constante bombardeio de imagens nas redes sociais, buscam transformações rápidas e impactantes. No entanto, o que deveria ser uma prática cuidadosa e respeitosa com as características individuais, muitas vezes se perde no caminho. A preocupação crescente com a estética tem, em alguns casos, gerado recidivas de tratamentos, problemas funcionais como alterações na fala e dificuldades de mastigação, e até mesmo impacto psicológico profundo na vida dos pacientes.
Quando a estética se sobrepõe à função: O impacto dos tratamentos estéticos mal realizados e a busca por resultados naturais
A desarmonização facial, movimento que busca o retorno à beleza natural e a valorização da autenticidade, surge como um contraponto às intervenções exageradas e aos padrões estéticos impostos pela mídia. No entanto, para que essa transformação seja bem-sucedida e segura, é essencial a escolha de profissionais qualificados, que respeitem a identidade e as características faciais do paciente.
A pressão social e os riscos emocionais
A psicóloga Sabrina Rugeri, especialista em saúde emocional e comportamento humano, explica que a busca incessante por procedimentos estéticos está intimamente ligada ao desejo de melhorar a autoestima e ser aceito socialmente. “O problema não está em buscar um aprimoramento pessoal de maneira equilibrada, mas na obsessão por resultados que atendam a padrões irreais”, destaca Sabrina. A pressão para alcançar um ideal de beleza muitas vezes inatingível pode levar a distúrbios emocionais como ansiedade, depressão e transtornos de imagem.
Essa busca desenfreada por um ideal de perfeição pode se transformar em um ciclo vicioso. Como observa a psicóloga, quando um indivíduo se submete a procedimentos repetidos sem necessidade, ele compromete a própria identidade e autoconfiança. “A obsessão por mudar a aparência pode levar à perda da conexão com a própria identidade, tornando mais difícil sentir-se satisfeito consigo mesmo”, acrescenta Sabrina.
O cuidado com a beleza de forma natural e saudável
É possível, porém, encontrar exemplos de como o cuidado estético pode ser feito de forma cautelosa e natural. A farmacêutica e nutricionista Queli Montanari, de 39 anos, compartilha sua experiência, destacando como a busca pela beleza natural e equilibrada foi sempre sua prioridade. “Minha estética nunca foi sobre transformar minha aparência, mas sim sobre manter minha naturalidade de forma melhorada”, afirma Queli. Ao longo de 10 anos de cuidados, ela preservou sua pele com procedimentos leves, como peelings e preenchimentos feitos de maneira periódica e cuidadosa, respeitando sempre suas características faciais.
A importância de profissionais qualificados na harmonização facial
A harmonização facial, quando realizada de forma ética e cuidadosa, pode trazer benefícios significativos, tanto estéticos quanto funcionais. A biomédica esteta Renata Mariani, por exemplo, explica que a harmonização visa melhorar a simetria e o equilíbrio da face, sem exageros. Renata é enfática ao destacar que a escolha do profissional adequado é fundamental para que o resultado seja natural e respeite a individualidade de cada paciente. “A harmonização não deve ser uma forma de impor um padrão estético, mas sim de valorizar as características de cada rosto”, afirma.
O dentista Reinaldo Pizzolo, especialista em tratamentos estéticos odontológicos, reforça que a harmonização também pode melhorar a função, como no caso de tratamentos para bruxismo e sorriso gengival, realizados de forma segura e ética. Ele alerta, no entanto, para os riscos de abusos nos procedimentos, como os realizados por profissionais sem a formação adequada. “A qualificação é fundamental para evitar complicações e garantir um resultado que atenda às expectativas do paciente, sem prejudicar sua saúde”, explica Pizzolo.
Desarmonização facial: o retorno à autenticidade e a importância da qualificação profissional
A crescente demanda pela desarmonização facial reflete uma mudança cultural, onde as pessoas começam a priorizar a autenticidade e a valorização de suas características naturais, em vez de seguir padrões estéticos impostos pela mídia. Para a biomédica esteta Franciele Zanol, a reversão de procedimentos exagerados tem sido uma tendência crescente, especialmente entre pacientes que recorreram a substâncias permanentes, como o PMMA, que podem resultar em complicações irreversíveis. “O movimento de desarmonização reflete o desejo de voltar ao natural, após o excesso de modificações”, afirma Franciele.
Ela também destaca que a escolha de um profissional qualificado é crucial para que os tratamentos sejam seguros e eficazes. Infelizmente, a falta de regulamentação em algumas áreas da harmonização facial contribui para a proliferação de procedimentos realizados por profissionais sem a devida qualificação, o que coloca a saúde do paciente em risco. A especialista alerta para a necessidade de buscar profissionais com formação contínua e conhecimento profundo das técnicas.
A ABOR e a defesa da prática ética
A Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR) tem se destacado na defesa de uma prática ética e segura dentro da ortodontia e da estética facial. A entidade alerta para os riscos da busca desenfreada por resultados rápidos e sem riscos, que frequentemente envolvem profissionais sem a formação mínima adequada. A ABOR defende que os pacientes devem priorizar a saúde em primeiro lugar, buscando sempre a orientação de profissionais qualificados e com experiência para garantir que os tratamentos sejam realizados com segurança e respeito às características naturais do paciente.
Conclusão
A popularização dos procedimentos estéticos, especialmente os voltados para a harmonização facial, trouxe à tona uma reflexão importante sobre o que realmente significa beleza e bem-estar. O movimento em direção à desarmonização facial, que prioriza o retorno à naturalidade, reflete uma crítica aos padrões de beleza impostos pela mídia e ao culto à perfeição. No entanto, para que essa busca por autenticidade seja bem-sucedida, é fundamental que os pacientes escolham profissionais qualificados e que adotem uma abordagem ética, respeitando sempre as particularidades e necessidades de cada indivíduo. A autoestima deve ser construída de forma consciente, equilibrada e, acima de tudo, saudável.