Eles prometem ser uma solução para o futuro da mobilidade urbana, reduzindo a poluição e a dependência de combustíveis fósseis. Os carros elétricos têm ganhado cada vez mais espaço nas ruas e nas garagens. O mundo todo está de olho na eletrificação do transporte como uma das alternativas mais eficazes para reduzir as emissões de gases poluentes.
Os veículos elétricos representam uma mudança significativa no combate às mudanças climáticas. O Brasil possui uma matriz energética composta majoritariamente por fontes renováveis, como a energia hídrica, a eólica e a solar. Cerca de 85% da energia produzida é oriunda de matrizes limpas, o que faz com que o país tenha um grande potencial para se destacar nessa área. Luciane Neves, professora do curso de engenharia elétrica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), destaca a importância dos veículos elétricos para a sustentabilidade e o processo de descarbonização.
No entanto, a transição para a eletromobilidade ainda enfrenta alguns desafios no Brasil. O primeiro grande obstáculo é a infraestrutura precária. Apesar de o Brasil ser uma potência em energias renováveis, a rede de pontos de carregamento de veículos elétricos ainda é muito limitada e concentrada em regiões metropolitanas. Nos grandes centros urbanos, a instalação de eletropostos já está avançada, mas em cidades menores e nas rodovias, esses pontos de recarga ainda são escassos. Contudo, o Rio Grande do Sul é um dos estados com maior rede de carregamento elétrico, tendo ligações entre todas as regiões, como destaca Luciane.
Ainda há uma necessidade latente de investimentos em infraestrutura de carregamento. Além disso, é necessário alinhar esses investimentos com as políticas públicas para evitar que o país dependa de uma estrutura desatualizada e pouco eficaz. O diretor de energia da Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Rodrigo Hughenin, destaca a importância do planejamento a médio e longo prazo.
Outro desafio enfrentado por quem deseja adquirir um carro elétrico no Brasil é o alto custo, impulsionado pelos impostos e pela burocracia. Embora já existam incentivos em alguns estados, como a redução do IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – ainda há uma carência de políticas que estimulem o acesso a esses veículos. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), Márcio de Lima Leite, destaca algumas melhorias que têm sido realizadas para atrair montadoras e consequentemente baratear os custos.
O mercado de veículos elétricos ainda é muito elitizado no Brasil. Mas as tendências são positivas, o número de financiamentos de carros elétricos tem crescido a cada ano e em várias cidades, empresas privadas e o próprio poder público, estão investindo em frotas elétricas e estações de recarga. Em São Paulo, a maior cidade do país, já existe um programa de ônibus elétricos, e outras cidades estão começando a seguir o exemplo.
Mas se engana quem acha que isso é algo distante, restrito apenas às grandes metrópoles do país. Caxias do Sul possui uma frota elétrica crescente e muitas empresas que desenvolvem estes tipos de veículos. Não à toa, a cidade é palco da Eletric Move Brasil, uma das principais feiras do setor. Edson Nespolo, um dos idealizadores do projeto, exalta a produção da cidade e o desenvolvimento sustentável.
As vantagens que a eletromobilidade oferece ao meio ambiente e à sociedade como um todo são muitas. Ela reduz a poluição, o ruído nas cidades e ainda permite uma transição mais rápida para uma economia de baixo carbono. É evidente que os carros elétricos trazem melhorias para o nosso futuro, não apenas em termos de sustentabilidade, mas também em qualidade de vida. Não se trata mais de uma novidade, é uma nova realidade que deve perdurar.
Os desafios são grandes, mas as oportunidades também. O movimento em direção a uma mobilidade urbana mais sustentável continua a crescer e quem sabe, em breve, teremos um cenário onde os carros elétricos façam parte do dia a dia dos brasileiros.