A recente tragédia ambiental que se abateu sob o Rio Grande do Sul, causada pelas chuvas intensas e inundações, afetou não apenas os seres humanos, mas também milhares de animais. A presidente da Organização Não Governamental (ONG), Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad), Carla Sássi, garantiu durante entrevista à Rádio Caxias na manhã desta sexta-feira (28), que desde o início, a estrutura para lidar com a quantidade de animais resgatados tem sido um desafio. Ela também ponderou que nenhum lugar no mundo estaria, totalmente, preparado para receber tantos animais, de forma simultânea, e num curto espaço de tempo. Conforme a médica veterinária, só em Canoas, atualmente, estão alocados cerca de 1,6 mil animais. Porém, Carla afirmou que esse número teria chegado a 15 mil, em todo o Estado.
A dirigente da ONG disse ainda que, infelizmente, o país carece de políticas públicas eficazes voltadas para os animais, especialmente, cães e gatos. Segundo Carla, isso incluiria a falta de programas de informação e a prevenção tanto em situações de desastre, quanto em saúde pública. Tanto é que grande parte dos animais que chegaram aos abrigos do Estado não eram castrados e nem microchipados. Além disso, ela apontou outro problema, o fato de não existir um banco de dados nacional interligado, a fim de rastrear esses microchips e, também para identificar tutores responsáveis. Neste sentido, ela esclareceu que a entidade está buscando criar um cadastro nacional, especialmente, em Canoas, onde a maioria dos animais já está microchipado.
De acordo com Carla, outro desafio é a falta de incentivo à vacinação. Recentemente, ela conta que eles observaram os reflexos dessa lacuna, principalmente, em casos de leptospirose, entre os animais, pois se trata de uma zoonose, transmitida pela água contaminada com a urina de ratos. Além disso, a cinomose — também comum em animais, principalmente, cães e gatos — é altamente contagiosa, ou seja, um único animal infectado pode espalhar o vírus por todo o abrigo.
Por fim, na opinião da entrevistada, para enfrentar esses desafios é preciso políticas públicas mais abrangentes, investimento em infraestrutura e, ainda, a conscientização contínua sobre a importância da adoção responsável e da saúde desses animais.