Reportagem: Noriana Behrend
Uma nova emergência de Mpox foi declarada no Brasil, após a detecção de uma variante pertencente ao Clade 1b, conhecida por seu maior potencial de transmissão, até dez vezes mais letal. Esta variante está, atualmente, causando surtos em países africanos e, devido à globalização e ao aumento da movimentação de pessoas, em especial, após as Olimpíadas, a Vigilância em Saúde foi intensificada, inclusive, no Estado. Quem explica é a chefe da Divisão Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Roberta Vanacor.
A profissional esclarece que, entre julho de 2022 e maio de 2023, o Brasil enfrentou uma epidemia de Mpox, sendo registrados cerca de 10 mil casos no país. Desde então, a vigilância contínua no Rio Grande do Sul permitiu a identificação de cinco casos confirmados aqui no Estado, em 2024. Questionada sobre o porquê deste alarde em torno da infecção Roberta explicou que a nova emergência visa sensibilizar a população e os serviços de saúde sobre a importância da prevenção e controle da doença.
Embora a Mpox não possa ser comparada à pandemia de Covid-19, pois a doença afeta um público específico e há vacinas disponíveis, apesar da baixa adesão, Roberta esclarece que as autoridades de saúde recomendam o uso do estoque remanescente de vacinas para aqueles que foram expostos a casos confirmados, como medida preventiva para conter possíveis surtos. Segundo Roberta, o uso da camisinha é outro mecanismo eficiente para evitar o contágio dessa e de outras doenças sexualmente transmissíveis.
A profissional lembra que a Mpox se manifesta clinicamente, por meio de erupções cutâneas, geralmente, localizadas nas regiões genital e anal, mas que podem aparecer em outras partes do corpo. E que a doença tende a ser benigna, em pessoas saudáveis. Contudo, as autoridades de saúde reforçam a necessidade de vigilância e prevenção para evitar a disseminação da nova variante e proteger a saúde pública.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-RS) confirmou, na última sexta-feira (16), que um dos cinco casos de mpox confirmados é do município Passo Fundo. Ainda segundo a SES/RS, a contaminação não é autóctone, ou seja, a transmissão aconteceu fora da cidade gaúcha. Os outros casos confirmados pela SES no Estado são de Porto Alegre, com três infectados, e em Gravataí. Os casos teriam sido importados do Canadá e Rio de Janeiro.
O Mpox, que chegou a ficar conhecido como “varíola do macacos” e foi detectado, pela primeira vez em humanos, em 1970 no antigo Zaire, atual República Democrática do Congo. Trata-se de uma doença viral que é transmitida dos animais para o ser humano, além disso, a doença também é transmitida por meio de contato físico com uma pessoa infectada pelo vírus. A doença, normalmente, provoca: febre, dores musculares e lesões na pele. A vacina contra Mpox no Brasil é destinada para dois públicos distintos: pré e pós-exposição.
Casos
A Mpox voltou a preocupar autoridades de saúde, após a identificação da nova cepa Clado 1b, mais grave, detectada em cinco nações africanas e na Suécia, mas ainda não no Brasil, onde a Anvisa criou um Grupo de Emergência em Saúde Pública e o Ministério da Saúde instalou um Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para monitorar e coordenar ações de resposta. Em 2024, o Brasil registrou 709 casos confirmados ou prováveis, todos da cepa Clado 2b, significativamente menor que os mais de 10 mil casos em 2022. A OMS declarou novamente a Mpox uma emergência de saúde global devido à disseminação da nova cepa e casos confirmados em mais de uma dúzia de países.
Confira os principais trechos da entrevista com a a chefe da Divisão Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Roberta Vanacor: