O meteorologista e coordenador-geral de Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, disse em entrevista para a Rádio Caxias que a situação dos incêndios florestais no Brasil este ano está particularmente crítica.
Conforme o meteorologista, embora o início do fogo esteja, frequentemente, relacionado a atividades humanas, as condições climáticas atuais têm favorecido a propagação rápida e descontrolada desses incêndios. Além disso, na opinião do meteorologista, a estação seca de 2024 foi mais longa e mais severa do que o normal, criando um ambiente propício para que pequenas queimadas se transformassem em grandes incêndios fora de controle.
No entanto, o meteorologista também adverte que o problema começou um pouco antes, pois a estação chuvosa na Amazônia, entre meados de 2023 e o início deste ano, foi significativamente abaixo da média histórica. Conforme Marcelo Seluchi, essa falta de chuva resultou em baixos níveis de umidade no solo, transformando a vegetação em combustível seco. O meteorologista indica que em algumas regiões do interior do Brasil, os índices de umidade relativa do ar estão abaixo de 10%, um nível considerado crítico, sendo típico em áreas de deserto.
Além disso, o meteorologista indica que os ventos têm desempenhado um papel crucial na disseminação da fumaça dos incêndios. A partir da formação de um canal de vento que passa pela Amazônia e transporta a fumaça dos incêndios até a Cordilheira dos Andes, que são incapazes de atravessar as altas montanhas. Com isso, os ventos contornam a cordilheira, levando a fumaça para o sul, em direção ao Peru e à Bolívia, onde muitos incêndios também estão fora de controle.
Questionado sobre a situação da espessa fumaça vista na região sul nos últimos dias, o meteorologista explica que a situação é agravada pela presença de frentes frias na tanto no Rio Grande do Sul, quanto Uruguai e Argentina. Segundo Marcelo Seluchi, essa situação deve persistir até o retorno das chuvas na área central do país. Pois, a combinação de fatores climáticos adversos e a ação humana tem criado um cenário alarmante, exigindo uma resposta urgente e coordenada para mitigar os impactos dos incêndios florestais no Brasil.