Caminhando na tarde deste sábado (25) entre os peregrinos da 145ª Romaria de Nossa Senhora de Caravaggio, em meio a um Santuário que recebeu diante de outros anos, um público bem abaixo do esperado, padre Ricardo Fontana atendia a reportagem da Rádio Caxias tentado responder alguns questionamentos e ao mesmo tempo, propagando o que seria um verdadeiro desabafo. A frase do religioso está ligada ao bloqueio da Estrada dos Romeiros, mais precisamente, na região conhecida como Morro da Busa, onde a prefeitura de Farroupilha, no início da noite da sexta-feira (24), em comunicado à imprensa, interditou um dos principais locais de passagem de milhares de romeiros devido ao risco de deslizamento de terra de uma encosta.
Confira partes da entrevista do reitor do Santuário, padre Ricardo Fontana, concedida ao jornalista e repórter Tales Armiliato na tarde deste sábado (25).
O bloqueio da Estrada dos Romeiros (na Busa)
Pesa! No calar da noite você receber a notícia que o caminho está interrompido, o principal caminho. Aí é como que o poder público assinasse embaixo o seu atestado de incompetência que, normalmente, é assim que age o poder público. Então eu falei na reunião da prefeitura (Farroupilha) e falo aqui: assinaram o atestado de incompetência porque não se faz isso aos 45 do segundo tempo. A gente ficou muito chateado como comunidade de Caravaggio e como setores que prepararam toda a Romaria. Esse laudo geológico (da prefeitura), deveria ter sido lá no início de maio. Se tem os problemas, vamos tentar solucionar antes. Todo mundo sabe que no dia 26 de maio de 2025 teremos a 146ª Romaria. Então isso já está num planejamento maior. O Santuário de Caravaggio tem uma tradição de acolher milhares de peregrinos, o que não foi diferente hoje (sábado) e não será diferente amanhã (domingo). Mas assim … impedir, fazer esse impedimento em última hora, é uma dor muito grande. Nós estamos muito doloridos com isso e, infelizmente, não se é proativo.
Queda de eucalipto que matou o ciclista Matheus Giacomin (Estrada Farroupilha – Caravaggio)
Mais ou menos a vida que foi perdida do Matheus Giacomin, de 31 anos, quando caiu aquele eucalipto. Em 2018, o poder público e a RGE já tinham sido alertados desses eucaliptos. Foi feito um levantamento com abaixo-assinados da comunidade de Caravaggio. Era frequente a queda de árvores e eucaliptos na beira da rodovia. Falando especificamente do morro da Busa, no dia 20 de março (2024), o Gilberto Galafassi, que é membro do nosso conselho econômico do Santuário e o presidente da Associação Amigos dos Caminhos de Caravaggio, fez uma notificação no dia 20 de março. No dia 10 de março, morre o Matheus Giacomin, pela queda da árvore, e no dia 20 de março nós fizemos essa notificação, dizendo que tínhamos problemas, e foi protocolado.
Caravaggio é mesmo importante para Farroupilha?
Então quer dizer, Caravaggio é interessante como nome, mas assim de fato e de tomar atitudes, dizer assim … vamos olhar com mais carinho para Caravaggio, eu sinto essa dificuldade.
A sonhada pista de caminhada
Tenho que revelar. A pista de caminhada, o mirante aqui. Se fez um “bum”, o Bibo Nunes (deputado federal) fez uma emenda parlamentar colocando R$ 1,5 milhão e está aí para ver… está parado. Não foi feito 80 metros de escavação. Então as coisas não andam sabe… a gente tem que ser essa voz no Santuário, de Caravaggio. A gestão é muito falha nesse sentido. Sabe-se que aqui de um ano vai ter (Romaria), vamos ver como será o andamento das coisas.
Uma Romaria diferente em 2024
Ela nos leva a uma reflexão, introspecção como a gente já previa, mas também é um tempo diferente pela dor que estamos vivendo como gaúchos, como Estado do Rio Grande do Sul. Uma calamidade pública, uma tragédia climática sem precedentes. Então se tornou uma romaria solidária nas preces, para as famílias daqueles que perderam seus entes em decorrência das fortes chuvas, para consolar aqueles que estão tristes neste momento, sentidos pela perda de seus entes queridos. Estão vivendo o luto também da perda das suas coisas, das suas casas … desse clima que não muda também … esse frio intenso com chuvas.
Centralidade na oração
Para nós aqui em Caravaggio, a gente percebeu as pessoas muito centradas, muito focadas na oração. Eu acredito que 90 por cento dos romeiros vieram para tocar na imagem de Nossa Senhora. Para fazer sua prece, seu pedido, ou seu agradecimento, sentir-se tocado pela benção ou desabafar com algum padre, participar da eucaristia que é o objetivo próprio de Caravaggio.
O sábado e o dia da festa: 26 de maio
Um sábado frio, então são todos fatores da época que vivemos, climáticos e de realidades de caminhos que dificultaram os peregrinos para eles se sentirem mais seguros. Mas acredito que este domingo (26) será melhor, pois o pessoal já percebeu que é bom estar em Caravaggio, vir até Caravaggio, que os caminhos estão seguros e tem vários caminhos. Podemos se preparar para fazer um caminho ou caminhada mais longa ou também pela RS-122 é possível, os Caminhos de Pedra. Tem a Rota do Sol. O pessoal que pode vir de Carlos Barbosa e Garibaldi também, enfim … mas dizer para o caxiense que o Santuário está aberto e a próxima quinta-feira (06) a previsão é de tempo bom e de sol. Caravaggio vai estar aberto para receber quem vier até a Festa de Corpus Christi. Teremos a confecção de tapetes. Então, estamos olhando para o dia de amanhã, na próxima semana, pedindo um bom tempo e sobretudo, para que os rios, possam dar baixa e as pessoas poderem recomeçar a vida e o Estado do Rio Grande do Sul. Ser reconstruído.
Acompanhe, em áudio, toda a entrevista com o reitor do Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, padre Ricardo Fontana.
Durante entrevista à Rádio Caxias neste domingo (26), o prefeito de Farroupilha, Fabiano Feltrin, respondeu às críticas realizadas em relação ao trancamento da Estrada dos Romeiros na última sexta-feira (24).
“A gente entende todas as movimentações, todos os interesses, mas ao mesmo tempo se tem um colegiado. Não é uma decisão do prefeito. Você tem técnicos. Eu prefiro ser comedido e ser criticado. Nós continuaremos em Farroupilha não termos perdido nem uma vida do que a gente ter arriscado e colocado alguém em risco. Então, sempre essas decisões, são de um colegiado com os Bombeiros, a Defesa Civil, a Brigada Militar, a Polícia Civil, os técnicos e os geólogos, as pessoas que trabalham nessa área. Nós ficamos trabalhando toda a semana para tentar atender a Romaria que era muito importante para nós. Eu fui talvez a pessoa mais contrariada, mas entendo toda a angústia que dá nas pessoas de não poder ter (o caminho), mas estamos terminando o domingo sem nenhuma perda de vida. Nós vamos continuar trabalhando com as nossas responsabilidades, dividindo todas essas decisões com o colegiado que não depende da decisão do prefeito. Mas compreendemos que sempre há uma situação que não é a vida como a gente quer. O Dom José (Gislon), nosso bispo disse, ‘as coisas não são como a gente quer’. Então, cabe também a resposta a quem perguntou”, completou o chefe do executivo farroupilhense.
Foto: Prefeitura de Farroupilha / Divulgação
Acompanhe, em áudio, a entrevista com o prefeito de Farroupilha, Fabiano Feltrin durante a programação da Rádio Caxias deste domingo (26).
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