O déficit na balança comercial ocorre quando as importações superam as exportações. No caso do Brasil, isso significa que o país está comprando mais produtos do exterior do que vendendo. Esse fenômeno não se restringe a uma única empresa, mas envolve diversas companhias de todo o país. Em resumo, o saldo negativo indica que mais mercadorias estão entrando no Brasil do que saindo, especialmente no setor industrial.
Conforme o economista, Pedro de Cesaro, a indústria brasileira, particularmente, o da Serra Gaúcha — um dos maiores pólos industriais do país — tem enfrentado desafios significativos, inclusive, a perda de espaço da indústria nacional não é recente e está ligada a fatores como: a concorrência internacional, especialmente, da China, Índia e Bangladesh, que oferecem mão de obra mais barata. Segundo o economista, no setor automobilístico, essa situação é ainda mais acentuada, pois, em 2023, dos R$ 28 bilhões de déficit R$ 6,5 bilhões foram atribuídos à indústria automobilística, que hoje representa apenas 4% da economia brasileira.
Neste sentido, Pedro explica que diversos fatores contribuem para essa situação, incluindo altos impostos e custos de contratação no Brasil. Conforme o economista, nos últimos anos, grandes empresas do setor automobilístico deixaram o país, agravando ainda mais o cenário. Em 2024, Pedro garante que a perspectiva é de continuidade dessa tendência, tanto na indústria de transformação quanto na automobilística.
Por outro lado, a desvalorização do real frente ao dólar tem um impacto positivo para as empresas exportadoras, tornando os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional. No entanto, a mão de obra brasileira, mais cara que em outros países, continua sendo um desafio, garante Pedro. Contudo, o Brasil tem se mostrado mais competitivo em outros setores, como o de serviços, que hoje representa mais de 60% do PIB nacional, e no agronegócio, com cerca de 25%. Portanto, conforme o economista, e apesar das dificuldades, a Serra Gaúcha ainda abriga empresas industriais altamente competitivas, embora o percentual da indústria no PIB nacional esteja em declínio.