No Rio Grande do Sul, no ano passado, 87 mulheres perderam a vida por conta da violência. Situação que encontra eco com o dado divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ele aponta que os casos de feminicidios bateram recorde em 2023. O Brasil teve uma mulher morta a cada seis horas. O índice é o maior patamar já registrado desde que a Lei Maria da Penha foi criada, em 2015. Inclusive, no Rio Grande do Sul, esse tipo de crime supera a média nacional, mesmo apresentando um recuo de 20% no ano passado.
Durante entrevista à Rádio Caxias, a delegada Carla Zanetti, uma das responsáveis pela Delegacia Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam), revelou que, das seis vítimas de feminicídio, em Caxias, no ano anterior, quatro delas, ou 81% dos casos, não possuíam medidas protetivas contra os agressores. Já outras 57% nunca haviam registrado um Boletim de Ocorrência. Em janeiro e fevereiro de 2023, a Polícia Civil registrou 657 ocorrências, enquanto que, em 2024, o número saltou para 775. Dado que representa um aumento de aproximadamente 84%.
Ainda segundo a estatística, forma instaurados 204 inquéritos na Delegacia Especializada, em 2023, contra 268, este ano. Contudo, Carla Zanetti explica que esse aumento é importante, pois indica que as mulheres têm tomado cada vez mais consciência sobre a importância de denunciar casos de agressão, seja ela qual for.
A delegada titular da Deam, Thalita Andrich, também participou da entrevista ao Jornal da Caxias. Ela explica que o principal crime contra a mulher ainda é a violência física e a psicológica. Situação na qual, o agressor manipula e inferioriza a vítima, a fim de manter a mulher sob controle dele. Fato que, muitas vezes, impede que ela saia de casa, tenha amigos ou alguma ocupação profissional, tornando a dependência completa, inclusive, sob o ponto de vista financeiro.
Thalita ainda destaca crimes como a divulgação de imagens íntimas na internet, ou seja, quando não existe o consentimento da vítima. Contudo, o mais importante, segundo a delegada, é nunca normatizar a violência sofrida e nem romantizar as relações. Realidade que costuma levar aos de feminicídios. Por isso, a importância da denúncia.
Thalita Andrich e Carla Zanetti são são uníssonas ao informar que Caxias do Sul conta com uma ampla e eficiente rede especializada em atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica, a exemplo da própria Deam, da sala das Margaridas (localizadas em delegacias comuns), da Patrulha Maria da Penha (que realiza ronda direcionadas) e a Casa Viva Raquel (que acolhe mulheres vítimas de violência). Denúncias podem ser feitas pelo 190 da Brigada Militar, e os o Disques 100 e 180.