Já pensou conviver com fadiga intensa, fraqueza muscular, vertigens que levam a alteração do equilíbrio, déficits da coordenação motora, disfunção intestinal e da bexiga, transtornos visuais e alterações sensitivas? Pois essa é a realidade de pelo menos 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo, que convivem com uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central, a esclerose múltipla (EM). Quem esclarece é a neurologista cooperada da Unimed Nordeste – RS, Paula Caprara Gasperin.
Conforme a médica, estima-se que, só no Brasil, cerca de 40 mil pessoas vivem com a doença. Portanto, campanhas como a do Agosto Laranja são tão importantes, pois tem por objetivo chamar a atenção das pessoas para os sintomas e conscientizar sobre a doença, que é auto-imune, crônica e afeta tanto o sistema nervoso central, quanto o cérebro e a medula espinhal. A médica ainda salienta que um dos maiores problemas enfrentados pelos pacientes é o diagnóstico tardio. Além disso, a doença também acometeria mais mulheres, em idade produtiva, ou seja, entre 20 e 40 anos. Sendo mais comum também a incidência em estados da região sul do pais. Isso porque, conforme a neurologista, a doença tem fatores multifatoriais e que contribuem para o desenvolvimento da esclerose múltipla, incluindo predisposição genética e gatilhos ambientais, como carência de vitamina D. Além disso, obesidade, tabagismo, sedentarismo e baixa exposição solar também estariam associados à esclerose múltipla.
Apesar de não existir cura definitiva para a esclerose múltipla, a médica explica que há mais de dez medicamentos disponíveis para tratar a doença. Contudo, esse tratamento deve ser contínuo, pois a esclerose múltipla é uma condição inflamatória crônica. Inclusive, ela salienta que, embora a esclerose múltipla apresente desafios, os avanços médicos oferecem esperança para uma vida mais plena e menos incapacitante para os pacientes.
Quem conhece bem essa realidade é a Técnica em Mecânica, Alice Behrend Falqueto, de 31 anos, conta que foi diagnosticada com a doença, há quatro anos. E apesar do baque inicial, a descoberta trouxe um certo alívio, pois ele pode iniciar o devido tratamento e frear o avanço da doença, que é degenerativa. Contudo, isso não significa que ela não precise conviver com os sintomas da doença, que podem ser bastante severos. Alice conta que chegou a perder o movimento das pernas, no início deste ano, após um crise da doença. Mas, conseguiu se restabelecer, graças a sessões de fisioterapia. O quadro trouxe consigo outros problemas, só que de ordem psíquica, e que são muitos comuns, a exemplo de depressão e ansiedade. Neste sentido, Alice relata que contar com o apoio da família foi fundamental.
Vale lembrar que, em 30 de agosto, é celebrado o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla (EM). Data de extrema importância para os pacientes de esclerose múltipla e seus familiares, representando uma conquista fundamental na luta pela divulgação e pelo reconhecimento da doença no cenário nacional. Até porque, a doença pode gerar uma série de incapacidades físicas, muitas delas permanentes e é preciso contar com políticas públicas que assistam essas pessoas.