O presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, Ivonei Pioner, destacou que, apesar dos desafios impostos por crises recentes, o varejo do Estado apresenta números de crescimento positivos, superando a média nacional. Segundo ele, o crescimento do setor é um reflexo da resiliência do povo gaúcho e da força do empreendedorismo local. Contudo, Pioner alertou para questões preocupantes, como a falta de mão de obra e a necessidade de capacitação profissional.
Em entrevista para a Rádio Caxias, Pioner revelou que o Rio Grande do Sul registrou um crescimento de 7,7% no varejo em comparação ao ano passado, um desempenho superior à média nacional, que é de 7,3%. Na opinião de Pioner, o aumento nas vendas de materiais de escritório (20%), material de construção e eletrodomésticos (12,1%) refletem a recuperação do estado, mas também apontam para uma reconstrução mais longa e complexa.
“Esses números são sinais de que a economia está reagindo, mas ainda há muito trabalho a ser feito. A realidade, no entanto, é heterogênea, com diferentes tempos e níveis de recuperação dependendo da cidade ou região”, comentou Pioner, citando os exemplos de Arroio do Meio, que ainda luta para se reerguer após as enchentes, e de Caxias do Sul, que apresenta uma realidade diferente, mas também enfrenta seus próprios desafios.
Outro ponto de preocupação, destacado pelo presidente da Federação Varejista, foi a falta de mão de obra qualificada para atender à demanda, especialmente, com o fim do ano se aproximando.
“Estamos vivendo quase uma situação de pleno emprego, mas há uma escassez de colaboradores, o que é um reflexo da recuperação econômica. O grande problema é a falta de capacitação”, afirmou.
De acordo com Pioner, muitas pessoas que foram afetadas pela pandemia ou que ficaram fora do mercado de trabalho, durante algum período, não estão preparadas para preencher as vagas que surgem, o que gera um descompasso entre oferta e demanda. Para enfrentar essa realidade, a entidade criou o programa CDL Academy, que visa qualificar e desenvolver profissionais para o mercado de trabalho.
“É uma das nossas principais preocupações: ajudar a desenvolver essas pessoas e garantir que possam acessar as oportunidades que estão surgindo”, ressaltou Pioner.
Embora os números sejam positivos, Pioner também fez críticas à lentidão nas respostas do governo federal, principalmente, em relação à infraestrutura. Ele mencionou a demora na reconstrução da ponte entre Vila Cristina e a região das Hortênsias, que dificulta o desenvolvimento local e afeta diretamente a economia.
“A comunidade se movimentou para criar uma solução paliativa, mas ainda assim, o tempo e os custos aumentaram. As pessoas estão perdendo horas preciosas em deslocamentos, o que impacta no crescimento e no desenvolvimento regional”, afirmou.
Por outro lado, Pioner manteve uma perspectiva otimista para o final de ano. Com o aumento no emprego e o crescimento do varejo, ele acredita que o último trimestre de 2024 será positivo para o setor.
“A perspectiva é de um bom final de ano. Não é um achismo, são os números que nos mostram isso”, concluiu.
Segundo Pioner, o setor varejista, que é um dos principais motores da economia gaúcha, continua a ser uma peça-chave na recuperação do estado. Contudo, as dificuldades de acesso a mão de obra qualificada e os desafios estruturais exigem atenção contínua para garantir que o crescimento seja sustentável e inclusivo.