Todo início de ano é uma oportunidade para recomeçar, mudar hábitos e desenvolver novos costumes. O começo do ano também é uma época de muitas contas para pagar, IPVA, IPTU, viagem de férias, festas de fim de ano, entre outras. Por isso, é fundamental organizar as finanças e iniciar um novo ciclo mais tranquilo para o seu bolso e sua mente.
O primeiro passo é fazer um diagnóstico financeiro, ou seja, olhar para o extrato bancário, listar todas as despesas, sejam fixas ou variáveis, e comparar com a receita mensal. É preciso identificar qual é o problema antes de tratá-lo. Para o economista e planejador financeiro pessoal, Ricardo Dutra Pereira, o ideal para esta época do ano é antecipar alguns gastos, se possível, pagar impostos que à vista geram um desconto, não comprometendo o planejamento para o restante do ano.
Não planejar o pagamento de contas sazonais, como impostos anuais ou despesas escolares, está entre os principais erros cometidos pela maioria das pessoas. Outro deslize frequente é não registrar as despesas do dia a dia. Muitos subestimam os pequenos gastos, como aquele cafezinho ou compras por impulso, mas, que ao final do mês, podem somar valores significativos. Ricardo fala sobre a importância de diferenciar necessidades de desejos, saber definir prioridades para o momento e impor limites.
Uma dica valiosa é categorizar as despesas. Os especialistas em finanças sugerem dividir em três grupos: os gastos essenciais, os importantes, mas ajustáveis e os supérfluos. As despesas essenciais são aquelas de suma importância como moradia, alimentação, saúde e transporte. Entre as que podem ser ajustadas estão os gastos com lazer e assinaturas de serviços, por exemplo. Já os itens supérfluos são todas as compras que podem ser adiadas ou evitadas. A chave para o equilíbrio financeiro está em priorizar o essencial, ajustar o importante e reduzir ou extinguir o que é supérfluo.
O mesmo sistema pode ser adotado para definir metas, divididas em curto, médio e longo prazo. Uma meta de curto prazo pode ser economizar uma quantia específica de dinheiro todo mês. No médio prazo, quitar uma dívida ou comprar algo que você deseja a muito tempo. E ao longo prazo, fazer investimentos pensando no futuro, para garantir estabilidade financeira ou a aposentadoria. Todavia, é muito importante que as metas sejam alcançáveis. Comece pequeno, mas dê o primeiro passo!
Não existe uma regra de como realizar investimentos que se aplique a todas as pessoas, no entanto, Ricardo recomenda o sistema de divisão dos ganhos de 70-20-10, onde 70% da renda é destinada ao padrão de vida, ou seja, utilizada para a alimentação, vestuário, moradia, educação, entre outras despesas. Já os 20% da renda, são voltados a projetos de médio prazo, investir em uma graduação ou pós-graduação, comprar um carro ou fazer a viagem dos sonhos. E os últimos 10% devem ser investidos a longo prazo, guardar uma parte da renda, pensando na independência financeira e gerar um patrimônio no futuro.
Para quem está endividado, o processo também é válido, apesar de mais demorado. O primeiro passo é listar todas as dívidas, incluindo os valores e as taxas de juros. Priorize sempre quitar aquelas com juros mais altos. Outra dica é tentar renegociar prazos e valores com os credores. E, claro, evitar fazer novas dívidas enquanto estiver pagando as antigas.
Quanto mais cedo se começa a controlar os gastos e administrar o dinheiro conscientemente, mais saudável será a vida financeira quando adulto. É importante estimular este comportamento nas crianças desde cedo, através de mesadas simbólicas e ensinar a administrar pequenas quantias. Incentive a criança a poupar para alcançar um objetivo, como comprar um brinquedo desejado. Com o tempo, comece a trabalhar os conceitos de orçamento e consumo consciente.
Para Ricardo, a educação financeira ainda é um desafio para muitas pessoas devido a falta de acesso à informação. Muitas famílias nunca foram expostas a práticas de planejamento financeiro, e a educação financeira ainda é pouco abordada nas escolas.
Para mudar esse cenário, é fundamental ampliar a conscientização, incluir o tema na educação básica e disponibilizar ferramentas de fácil acesso para todas as idades. Para chegar a uma vida financeira mais organizada é preciso haver planejamento, como reitera Ricardo.
A Educação Financeira permite ao cidadão o desenvolvimento de uma relação equilibrada com o dinheiro, de modo a adotar decisões voltadas ao investimento, proteção, consumo e planejamento, que proporcionem uma vida financeira mais sustentável. Esses são apenas alguns passos para iniciar o ano tendo uma relação mais saudável com os gastos, cada um deve saber o que é melhor para o seu bolso e a sua vida. Lembre-se, mesmo diante de dívidas ou orçamentos apertados, pequenas ações podem trazer grandes resultados.