Diante da grave crise agropecuária em razão dos estragos no campo pelas fortes chuvas e a seca que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos anos, desde 2021, a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) intensificou a pressão por medidas emergenciais do governo federal em auxilio aos produtores rurais. Em 16 de junho, mais de 300 prefeitos, parlamentares e lideranças do campo participaram de um ato em Porto Alegre, na sede da Federação, onde foi lançada uma carta aberta com propostas para socorrer produtores afetados no Estado.
O documento, assinado também por Farsul, Fetag-RS e Fecoagro, destaca que as perdas já somam R$ 92 bilhões e comprometem a arrecadação e os serviços municipais. Entre as principais demandas do setor estão os pedidos por alongamento das dívidas rurais por até 25 anos, criação de fundo garantidor, novas linhas de crédito e moratória tributária.
A presidente da Famurs, Adriane Perin de Oliveira, alertou para o risco de colapso durante entrevista à Rádio Caxias. Na opinião dela, “quando a agricultura quebra o comércio pára, os empregos somem e os serviços públicos ficam ameaçados; e o produtor no Rio Grande do Sul está sem crédito, sem insumos e sem perspectiva.”
Segundo a presidente da FAMURS e também prefeita de Nonoai, a mobilização ganhou força após o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmar que a securitização das dívidas não está na pauta do governo. Adriane afirmou que a esperança, agora, é a votação do PL 320/2024, do senador Luiz Carlos Heinze, que propõe a reestruturação das dívidas rurais. Segundo ela, caso não haja avanço, prefeitos de diferentes regiões do Estado prometem ir a Brasília, em julho, para cobrar essa aprovação.
Além disso, a presidente da Famurs completou que um encontro decisivo está previsto para 2 de julho, com a possível presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na Comissão de Agricultura da Câmara Federal. Segundo Adriane, 2.895 decretos de emergência no Rio Grande do Sul já foram reconhecidos pela União, desde 2020, e 340 municípios dependem diretamente da produção agrícola.
Adriane concluiu a entrevista dizendo que “essa não é só uma crise econômica. É uma crise social e humanitária” e que os produtores precisam de respostas concretas, ou então, o Estado perderá uma parte vital da sua economia.
Confira aqui a entrevista completa.