Cerca de um mês após as devastadoras enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, deixando centenas de vítimas, dezenas de desaparecidos e milhares de desabrigados, muitos pontos de coleta de donativos enfrentam escassez de voluntários no estado. Este cenário é particularmente evidente em Caxias do Sul, uma referência para o recebimento de doações na região serrana.
A psicóloga e diretora voluntária da Parceiros Voluntários Caxias do Sul, Luana Alana Ramon, responsável pelo encaminhamento de pessoal para os centros de operações na cidade, observa que no auge da tragédia climática em meados de maio, os grupos de WhatsApp da organização recebiam cerca de 400 mensagens diárias de pessoas interessadas em ajudar as ONGs. Atualmente, a média diária não ultrapassa 10 contatos.
A psicóloga salienta que as empresas têm um papel fundamental em fortalecer as redes de solidariedade. Ela sugere que empresas de diversos setores liberem parte de seus funcionários em turnos específicos. O objetivo é claro: diante da falta de pessoal, ocupar os centros de operações para otimizar a organização e distribuição de donativos para aqueles que mais necessitam. “Empresários de Caxias, juntem-se a nós nesta missão. Os talentos ao seu redor são essenciais para reconstruir nosso estado”, convida Luana. Empresas interessadas em se envolver na iniciativa podem entrar em contato com a Parceiros Voluntários Caxias do Sul pelo WhatsApp (54) 99149.8678.
Oportunidade para promover relações humanizadas
Denise Bampi, voluntária e presidente do Grupo Escoteiro Saint Hilaire, além de servidora pública da Justiça do Trabalho, está envolvida na força-tarefa no Seminário Nossa Senhora Aparecida desde 4 de maio. Ela afirma que a ideia de convidar empresas para participar da mobilização partiu dos próprios voluntários. Com muitas pessoas retornando ao trabalho nas últimas semanas, a escassez de pessoal nos centros de operações aumentou. “A volta à normalidade trouxe consigo uma série de perguntas comuns, como por que não podemos abrir o Seminário depois das 18h? Dado que já estamos aqui praticamente 12 horas por dia, todos os dias da semana, é difícil abrir o local à noite, especialmente por questões de segurança. Por isso, convidamos organizações a se juntarem a nós, disponibilizando funcionários em determinados turnos.”
Recentemente, a concessionária de transporte público de Caxias do Sul se juntou ao movimento. Segundo Denise, a empresa fornece ônibus de ida e volta diariamente para que os funcionários auxiliem na triagem de doações. “O voluntariado é algo muito comum em países como o Canadá, onde o tempo é considerado extremamente valioso, mesmo quando combinado com as atividades profissionais. Além disso, voluntariar-se é um ato de amor, muitas vezes vindo de pessoas que têm apenas tempo disponível para oferecer ao próximo. Queremos que mais organizações estejam ao nosso lado, promovendo relações interpessoais humanizadas e destacando o valor de ajudar o próximo”, conclui.