A busca por liberdade, autoconhecimento e a realização de sonhos pessoais tem se intensificado entre as mulheres brasileiras, refletindo uma mudança nas prioridades de vida. Se antes, casar e ter filhos eram os principais objetivos impostos pela narrativa tradicional, hoje, muitas mulheres encontram na viagem uma maneira de se conectar com o mundo e consigo mesmas. Esse desejo crescente de explorar e viver novas experiências é confirmado por uma pesquisa conduzida pelo Instituto Think Olga, que entrevistou mais de mil mulheres de diferentes faixas etárias e classes sociais no Brasil. O levantamento revelou que o principal sonho compartilhado por essas mulheres, independentemente de sua origem, é viajar.
A tendência de priorizar as viagens como uma forma de expressão pessoal e realização está presente nas histórias de muitas mulheres, como a escritora Márcia Letícia Gomes, que compartilha sua opinião sobre como a viagem se tornou uma parte importante de sua vida. Para Márcia, viajar é mais do que apenas lazer. “Viajar é uma forma de conhecer lugares novos, fazer descobertas de realidades diferentes, culturas diferentes e experimentar os sabores daquele lugar. Eu busco sempre o contato direto com as pessoas e com as realidades locais”, explica.
Márcia também destaca como a sua maneira de viajar mudou com o tempo. “Antes, eu planejava cada viagem minuciosamente, estudava roteiros. Agora, prefiro me perder pelas ruas da cidade, sem compromisso com horários ou ingressos, vivendo o momento e descobrindo o que me chama a atenção”, diz ela, que tem viajado sozinha, o que considera uma experiência de autoconhecimento e liberdade. A professora relembra uma experiência marcante ao viajar sozinha para o Canadá, quando ajudou uma senhora de 78 anos a preencher a imigração, um ato que a fez refletir sobre a coragem das mulheres em se arriscar sozinhas.
Além disso, Márcia acredita que as viagens contribuem para o seu crescimento pessoal e profissional, especialmente no campo da escrita. “Quando viajo, sempre faço crônicas das minhas experiências. Elas se tornam o alimento para a minha escrita”, conta. Destinos como Machu Picchu, na Peru, a impactaram profundamente, mudando seu olhar sobre a vida e as pessoas. Ela também acredita que viajar torna as pessoas mais empáticas e abertas, ao nos ensinar a entender e respeitar as diferenças culturais.
A professora Andreia dos Santos Oliveira também segue esse perfil de mulher viajante. Para ela, a viagem não é apenas uma forma de lazer, mas uma forma de se renovar e se desconectar da rotina. “Viajar é como se eu vivesse outra vida. Fico fisicamente cansada, mas mentalmente, muito mais descansada. Eu sempre volto mais leve e com muitas histórias para contar”, diz Andreia, que tem como destinos preferidos Paraty, no Brasil, e a Itália. “Eu sempre volto para Paraty porque adoro a combinação da cidade histórica com a praia. Fora do Brasil, a Itália é um lugar que me chama muito, mas também adoro explorar novos lugares,” explica.
A professora admite que o desejo de viajar não surgiu como um sonho de infância, mas foi se tornando parte de sua vida à medida que as condições profissionais e financeiras permitiram. “Eu não pensava ‘quero trabalhar para viajar’, mas quando comecei a ter condições, passei a viajar sempre que possível”, revela. Ela ainda tem destinos como a Espanha, a Suíça e o México em sua lista de viagens futuras, buscando sempre aprender mais sobre outras culturas.
Para ambas, viajar se tornou uma forma de se conectar com o mundo de maneira mais profunda. A pesquisa do Instituto Think Olga destaca que a viagem, para muitas mulheres brasileiras, é uma forma de realização pessoal, superando antigos sonhos sociais, como o casamento e a maternidade. As mulheres estão cada vez mais explorando o mundo, não apenas como um passatempo, mas como uma forma de autodescoberta e empoderamento.
Esse novo perfil de mulher viajante é um reflexo das mudanças culturais que vêm moldando a sociedade brasileira. As mulheres estão se libertando das expectativas tradicionais e usando as viagens como um caminho para o autoconhecimento, a transformação pessoal e a busca por novos significados. À medida que mais mulheres se permitem viajar sozinhas, elas também estão redefinindo o que significa viver plenamente, mostrando que os sonhos não têm limites geográficos e podem nos levar tanto para lugares incríveis ao redor do mundo quanto para dentro de nós mesmos.