Médica da Unimed Serra Gaúcha afirma em entrevista para a Rádio Caxias que a Hepatite do tipo A é a que mais cresce no Brasil; em Caxias, a B é a mais comum.
No encerramento da campanha Julho Amarelo, dedicada à conscientização sobre as hepatites virais, a gastroenterologista, Leonora de Zorzi Piccoli, da Unimed Serra Gaúcha, fez um alerta importante, durante o Jornal da Caxias: a hepatite A tem apresentado crescimento expressivo no país, especialmente, entre adultos, enquanto que em Caxias do Sul, o tipo B segue sendo o mais presente. Segundo a médica, o 28 de julho – Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais – marca a necessidade de reforçar o diagnóstico precoce, a testagem e a vacinação ao longo de todo o ano, e não apenas no mês da campanha.
“As hepatites são doenças potencialmente graves e, muitas vezes, silenciosas. É preciso manter a prevenção o tempo todo”, ressaltou.
Aumento da hepatite A preocupa especialistas
De acordo com a médica, apesar de ser historicamente mais comum entre crianças, a hepatite A tem se espalhado cada vez mais entre adultos. “No adulto, o vírus é muito mais agressivo. Já tivemos casos que evoluíram para transplante hepático. E o que é mais preocupante: tem vacina, mas muita gente ainda não se imunizou“, reforçou Dra. Leonora. Ela apontou que fatores como enchentes e a falta de saneamento básico contribuem para o aumento dos casos — na capital, Porto Alegre, por exemplo, houve um aumento de 200% nas notificações em um ano.
Em Caxias do Sul, hepatite B segue como a mais recorrente
Na região de Caxias do Sul, a médica explica que a hepatite B ainda é a forma mais registrada da doença. A transmissão, segundo ela, ocorre por contato com sangue contaminado, relações sexuais desprotegidas e de mãe para filho durante o parto. “Apesar de termos vacina gratuita pelo SUS, muita gente ainda não se protegeu. E o uso do preservativo, que já foi mais comum, está em queda, o que contribui para o aumento das infecções”, alertou.
Hepatites virais: sintomas, testes e tratamento
Dra. Leonora explicou que os sintomas costumam ser discretos ou confundidos com uma virose comum — cansaço, mal-estar e inapetência. Sendo que o sinal clássico é a icterícia (pele e olhos amarelados), mas nem sempre ela aparece. “Como o fígado não dói, a doença pode evoluir silenciosamente. Daí a importância de testagem de rotina.”
Ela orienta incluir nos exames de rotina os que averiguam a função hepática (como TGO, TGP, Gama GT) e testes sorológicos específicos para os vírus A, B e C, que também estão disponíveis em testes rápidos gratuitos nas UBSs e no Centro de Testagem e Aconselhamento do SES, em Caxias do Sul.
Avanços no tratamento
Além disso, a médica destacou os avanços no tratamento da hepatite C, que hoje tem cura em 95% dos casos. “Há 20 anos, essa era a principal causa de transplante hepático. Hoje, com diagnóstico precoce, conseguimos curar a maioria dos pacientes”, afirmou. Já a hepatite B, embora controlável, não tem cura definitiva e exige acompanhamento contínuo.
O apelo da médica: testem-se
Dra. Leonora encerrou a entrevista com um recado claro à população: “Mesmo que você ache que nunca teve hepatite, peça os exames. Só testando é possível identificar precocemente e evitar complicações graves como cirrose e câncer de fígado.”
O Julho Amarelo está terminando, mas o alerta permanece: hepatite é uma ameaça silenciosa e evitável — com vacinação, preservativo, testagem e cuidado contínuo com a saúde.
Confira aqui a entrevista completa.