O trabalho formal na colheita de uva cresceu exponencialmente no último ano na Serra Gaúcha. Entre janeiro e março de 2024, o número de pessoas físicas registradas como safristas passou para 8.396, conforme levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego. O número representa um crescimento superior a 300% em comparação ao registrado em 2023.
O aumento da formalidade na safra é fruto de um trabalho realizado pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, em parceria com o Consevitis, o Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul, após as operações realizadas pela Polícia Rodoviária Federal, pela Polícia Federal e pelo Ministério do Trabalho e Emprego. As autoridades deflagraram a operação “In Vino Veritas”, de 22 de janeiro a 23 de fevereiro, que culminou no resgate de 27 trabalhadores em condições análogas à escravidão, sendo três deles adolescentes. Dos resgatados, 22 foram encontrados em São Marcos e os outros cinco em Farroupilha.
O presidente do Consevitis, Luciano Rebellatto, que também é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Garibaldi, destaca ter ocorrido uma mudança cultural no setor após os episódios, alterando os modos de trabalho durante a vindima.
Durante a operação, foram encontrados 449 trabalhadores safristas sem os devidos registros trabalhistas nas propriedades vistoriadas, um total de 27,13% do total inspecionado. Luciano acredita que os números neste ano deverão ser bem menores do que os registrados em 2024, tendo como meta zerar o trabalho informal na safra da uva.
Entre os municípios gaúchos com maior incremento da mão de obra formal de 2023 para 2024, estão Bento Gonçalves, que saltou de 60 para 1.786 safristas registrados, Flores da Cunha, que aumentou de 123 para 1.471, e Caxias do Sul, de 1.920 para 2.115, em 2024.
Quanto a origem dos safristas na colheita, 53% dos contratados são do próprio Rio Grande do Sul, seguido pelos trabalhadores de outros estados, que representaram 38%, e dos trabalhadores estrangeiros, que são cerca de 9% dos trabalhadores verificados.