O repasse de R$ 15 bilhões, em crédito, para grandes empresas gaúchas traz apreensão, ao invés de ânimo para o empresariado local. E a razão disso é simples, pois a maioria das micro e pequenas empresas do Estado não teria condições de resistir, por muito mais tempo, a todas essas intempérie, vividas pelo Rio Grande do Sul, desde setembro de 2023. Afinal, os constantes alagamentos danificaram a infra-estrutura de rodovias, alagaram estoques e, ainda, comprometeram o faturamento de empresas gaúchas, que precisam arcar com folhas de pagamento, mesmo estado fechadas, há quase 25 dias. Quem adverte é o novo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Claudio Bier.
A justificativa apresentada pelo novo presidente da Fiergs encontra respaldo em uma pesquisa, recente, também divulgada pela entidade gaúcha, apontando que 47 mil indústrias no Rio Grande do Sul (RS) estão em municípios atingidos pelas enchentes, ou seja, são cidades enquadradas em estado de calamidade pública e que juntas representam mais da metade da atividade e do emprego industrial do Estado. Na opinião de Claudio Bier é preciso adotar medidas urgentes de incentivo a essas empresas, sob o risco delas migrarem para outros estados, inclusive, a mão de obra qualificada. Portanto, a medida anunciada pelo Governo Federal, quanto ao repasse desses R$ 15 bilhões ao Estado, a fim de reestruturar empresas do RS, não é suficiente para fazer frente aos prejuízos acumulados. Sendo necessário rever, entre outras coisas, na opinião de Claudio, a cobrança de juros, por no mínimo seis meses, medida que já tramita no Congresso Nacional, mas ainda não foi aprovada.
Além disso, o dirigente da Fiergs critica a intenção do Governo Federal de mediar esse repasse por meio de bancos públicos, a exemplo de Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, pois essa transferência indireta, condicionaria essa liberação de recursos aos interesses econômicos das referidas instituições financeiras, e não no interesse público dos empresários gaúchos, que tem pressa nesses repasses. Portanto, ele acredita que seria melhor que essa mediação ocorresse por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pois otimizaria o processo de transferência de renda. Sem contar que essa liberação direta de crédito, para empresas gaúchas, demonstraria a confiança do governo na retomada econômica do Estado.
ELEIÇÕES
O empresário, Claudio Bier, foi eleito como novo presidente da Fiergs, para o período 2024 a 2027, no dia 17 de maio. O empresário venceu uma eleição apertada, saindo na frente com apenas um voto de diferença, enquanto o oponente dele, Thômaz Nunnenkamp, computou 53 votos, Claudio Bier teve 54. Sendo que, todos os 107 Sindicatos Industriais aptos a votar, participaram dessa eleição, considerada histórica pela entidade. A posse da nova diretoria deverá ocorrer entre 15 e 20 de julho.
QUEM É O NOVO PRESIDENTE DA FIERGS?
Claudio Affonso Amoretti Bier, 81 anos, é diretor-presidente da Masal S.A e presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no RS (Simers). Nascido em Santo Antônio da Patrulha, antes de adquirir a Masal, em 1983, atuou nos ramos dos transportes e extração de madeiras. Como presidente do Simers, há pouco mais de 20 anos, idealizou a criação de um espaço para exposição de máquinas e implementos agrícolas dentro da Expointer, o que ajudou a dar protagonismo e maior dimensão ao segmento. Em 2001, adquiriu a Fundição Jacuí, de Cachoeira do Sul. Entrou para o ramo da navegação em 2018, quando adquiriu em Taquari o Estaleiro Colorado. Os vice-presidentes de Claudio Bier são André Bier Gerdau Johannpeter, Arildo Bennech Oliveira, Claudio Teitelbaum, Clovis Tramontina, Maristela Cusin Longhi e Ubiratã Rezler.