Natural de Caxias do Sul, músico também atua como musicoterapeuta e celebra sua trajetória com maturidade e amor pela arte
Aos 26 anos de estrada na música, Fábio Soares comemora não apenas uma data simbólica, mas uma vida dedicada à arte de compor, sentir e transformar o mundo ao seu redor com melodias que carregam história, afeto e identidade.
Natural de Caxias do Sul, Fábio começou a se aproximar da música ainda na infância. “Eu tinha mais ou menos uns cinco anos quando ganhei meu primeiro acordeon”, relembra.
Desde cedo, o som da gaita fazia parte do seu cotidiano, influenciado por um tio acordeonista e pela presença constante da música dos Irmãos Bertussi em casa, ouvida com frequência por seu pai.
Aos sete anos, o ingresso no CTG deu início a uma relação mais intensa com a música tradicional gaúcha. “Ali eu comecei a explorar de forma mais interessada”, diz.
Autodidata por essência, aprendeu os primeiros acordes de ouvido, incentivado mais pela vivência familiar do que por qualquer ambição profissional. Com 12 anos, veio o violão, e com ele a transição para novas sonoridades e a descoberta do compositor que morava dentro de si.
Aos 20 anos, gravou pela primeira vez com o grupo Pátria e Querência. Em 2005, lançou seu primeiro álbum autoral, com músicas próprias — algumas em parceria — viabilizado pelo Fundo Pró-Cultura de Caxias. Participou com o grupo Pátria Sulina o que ampliou sua projeção e abriram caminhos para sua música ganhar os palcos e os corações.
A discografia de Fábio é repleta de composições que misturam reflexão, sentimento e poesia. Álbuns como “Tropeiro Meu Destino” (2002), “Das Vezes que pensei escrito” (2015), “No Ocaso dos Teus Olhos” (2018), “Além” (2022) e “Confidente” (2023) são exemplos de sua evolução musical e pessoal. Em 2021, lançou “Minha História em Canção”, um álbum comemorativo que revisita sua trajetória com novos arranjos e interpretações.
Entre os destaques da carreira está a canção “Assim Deus fez a Lua”, uma resposta poética à obra “Por que Deus fez a Lua”, de Kiko Goulart. A música ganhou repercussão no Enart com o CTG Sentinela da Querência e alcançou lugares impensados. “Um grupo de Manaus me abordou em Querência, no Mato Grosso, e começou a cantar a música. Aquilo me marcou muito”, conta, emocionado.
Canções como “No Ocaso dos Teus Olhos” e “Confidente” são especialmente significativas para ele. A primeira, escrita após a morte de sua avó, foi lapidada poeticamente por Severino Rudes Moreira. A segunda é uma conexão direta com sua infância na rua Dom José Baréa. “Eu me criei ali, e a música fala dessa minha caminhada, de onde eu vim, do que eu sou hoje.”
Além de músico, Fábio é também musicoterapeuta — uma atuação que aprofunda ainda mais seu entendimento sobre o poder da música como linguagem, cura e conexão. “Os ambientes que a música me levou são potências de expressão e de encontro comigo mesmo e com o outro.” Sobre o conceito de sucesso, Fábio é claro: “O sucesso e a fama não são sinônimos. Para mim, sucesso é ter minhas músicas cantadas por gente que eu nem imaginava alcançar. Isso, sim, é gratificante.”
Aos jovens que pensam em seguir a carreira musical, deixa um conselho honesto: “Não escolha a música se não for por amor. Ela é linda, mas difícil. Se for tua escolha de alma, aí sim, tu vai ser a pessoa mais feliz do mundo.”
Com humildade, maturidade e consciência de que ainda há muito a viver e criar, Fábio Soares segue transformando experiências em canções, emoções em acordes e memórias em arte. Uma caminhada que começou no acordeon aos cinco anos, e aos 17 para 18 anos deu inicio a sua carreira e que hoje, 26 anos depois, é marcada por autenticidade, sensibilidade e paixão pela música.