Empatia e sensibilidade, comportamentos que se torna primordial quando falamos sobre as ações do ser humano frente à situações inesperadas que o expõem.
Desde o final de abril, o Brasil assiste, impressionado, às imagens das enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul. Desde o dia 29, cidades submersas e vidas perdidas tornaram-se o foco dos noticiários, que se debruçaram sobre termos como catástrofe socioambiental, emergência climática e resiliência. A psicóloga Pâmela Lopes Monteiro, mestre em Psicologia Clínica e especialista na Teoria do Apego, discute o impacto desses eventos na saúde mental das pessoas direta e indiretamente afetadas, destacando a nossa falha coletiva em proteger o meio ambiente. Segundo Pâmela Monteiro, vivemos um luto coletivo pela perda generalizada e um luto individual pela dor pessoal de cada indivíduo submetido à tragédia.
Em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, reforçamos nosso compromisso com a preservação da natureza. A Rádio Caxias entrevistou especialistas que falaram sobre os desafios ambientais enfrentados no Rio Grande do Sul, abordando os impactos das recentes catástrofes, a resposta do poder público e a influência das mudanças climáticas. De acordo com os estudiosos, a região Sul do Brasil enfrentará eventos extremos cada vez mais frequentes, como chuvas intensas, ciclones e ondas de calor. O ambientalista Orlando Michelli analisou a severidade dos acontecimentos recentes, destacando a mensagem alarmante da natureza.
Em 1º de maio, o governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública. Com ao menos dez mortos e 21 desaparecidos, o governador Eduardo Leite reconheceu a destruição como o “maior desastre da história” do estado em termos de prejuízo material. Até 4 de junho, a Defesa Civil do RS contabilizou 476 cidades afetadas, 172 óbitos, 44 desaparecidos, 575.171 desalojados e 2.392.686 pessoas impactadas de alguma forma. Em Caxias do Sul, sete pessoas morreram e uma permanece desaparecida. A Defesa Civil determinou a evacuação de 220 famílias em Galópolis, além de moradores dos bairros Fátima, Serrano, Vila Cristina e Reolon, totalizando mais de 500 pessoas que devem receber auxílio para reconstrução das moradias.
O geólogo Nerio Susin, ex-secretário de Meio Ambiente de Caxias do Sul, enfatiza a importância do conhecimento geológico para a prevenção de desastres. A região da Serra possui solos de origem vulcânica, com variações que influenciam a absorção de água e a susceptibilidade a deslizamentos. Susin defende um mapeamento geológico detalhado e a análise dos parâmetros geotécnicos para identificar áreas de risco e orientar a construção segura.
Orlando Michelli destaca que a adaptação às mudanças climáticas já deveria estar em andamento há muito tempo, com mais rapidez e eficiência. De acordo com o geólogo, a primeira questão que envolve uma prevenção é conhecer o meio físico. Por isso ele alerta aos cuidados prévios antes de construir casas em locais próximos a encostas ou áreas com vegetação.
A busca por soluções deve ser acompanhada do cuidado com a saúde mental das comunidades afetadas. Diante de um futuro repleto de incertezas, precisamos discutir como preservar o meio ambiente e garantir o bem-estar das pessoas. A psicóloga Pâmela Monteiro destaca que o abalo das emoções das pessoas no estado todo, tomadas as proporções, fizeram com que a perspectiva de um mundo equilibrado fosse corrompido.
O fato é que estamos em um século ainda mais cheio de incertezas, o que envolve desde economia, política, tecnologia e chega também nas mudanças climáticas. É natural do ser humano ter medo e buscar a sobrevivência acima de tudo, mas isso se agrava ainda mais diante do quadro que estamos vivendo. Com a frequência desses eventos, precisamos olhar para a necessidade de toda a comunidade envolvida. É preciso discutir como salvar o meio ambiente e como cuidar da saúde mental das pessoas diante disso.