O caso do ataque à professora da Escola João De Zorzi, localizada na Zona Norte de Caxias do Sul, teve novos desdobramentos nesta semana, com a conclusão da fase de depoimentos. Os depoimentos dos três adolescentes envolvidos, dois meninos de 15 anos e uma menina de 13, tiveram início na segunda-feira (28) e foram encerrados na quarta-feira (30), com a oitiva da última testemunha. Além dos menores, outras seis testemunhas também foram ouvidas no Fórum da cidade.
O processo é conduzido pelo juiz do Juizado da Infância e da Juventude da Comarca de Caxias do Sul, Silvio Viezzer. Segundo o magistrado, a defesa dos dois adolescentes solicitou um laudo psicológico, que foi elaborado por uma psicóloga nomeada pelo juízo. A profissional ouviu os dois menores na sexta-feira (2), no Centro de Atendimento Socioeducativo de Novo Hamburgo (CASE/NH), onde eles estão internados desde o dia 3 de abril.
Na próxima segunda-feira (5), a psicóloga deve ouvir os pais dos adolescentes, e o laudo deve ser entregue ao juiz na terça-feira (6), após, deve ocorrer o prazo final para alegações e apresentação da defesa. A expectativa é que a sentença seja proferida ainda na primeira quinzena de maio. Todo o processo deve ser concluído em até 45 dias.
Os dois adolescentes de 15 anos são representados por defensores públicos, enquanto a menina de 13 anos conta com uma advogada particular. Ela está internada no Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino (Casef), em Porto Alegre.
De acordo com a Polícia Civil de Caxias do Sul, os jovens poderão responder por três atos infracionais equivalentes a crimes: tentativa de homicídio, associação criminosa e incitação ao crime. Ato infracional é o termo utilizado para designar crimes cometidos por menores de 18 anos. Em caso de sentença e medida definitiva de internação, a medida socioeducativa para os menores pode chegar a até três anos de internação.
O caso:
Segundo as investigações da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), o ataque foi premeditado pelos três alunos cerca de seis dias antes da execução, após um episódio de indisciplina que resultou em advertência por parte da direção da escola. A partir de então, os adolescentes passaram a planejar a ação, inclusive criando um grupo no Instagram chamado “Matadores”, onde trocaram mensagens organizando o ataque.
Os adolescentes levaram cinco facas de casa, sem o conhecimento dos pais, com a intenção de agredir professores e membros da direção escolar, sem um alvo definido. O ataque estava inicialmente planejado para o dia 31 de março, mas foi adiado porque um dos adolescentes não compareceu à escola.
O ataque aconteceu no dia 1º de abril. A vítima, professora de inglês, foi surpreendida por dois dos adolescentes dentro da sala de aula e atingida com facadas na cabeça, mãos e braços. A menina de 13 anos, segundo a investigação, participou ativamente do planejamento. Após o crime, os três fugiram para uma área de mata próxima à escola, mas foram localizados e apreendidos pela Brigada Militar e pela Guarda Municipal.