O amor romântico, esse intrincado labirinto de emoções, tem moldado o comportamento humano ao longo dos séculos. Como um enigma que nos atrai e nos confunde, suas implicações são tão profundas quanto as marés do oceano. Eu te convido a desvendar esse enigma, explorando suas nuances e revelando como ele nos afeta, na reportagem especial, deste sábado (15).
Imagine-se em um cinema escuro, a tela iluminada projetando um casal apaixonado. O amor romântico, como uma trilha sonora envolvente, nos leva a acreditar que a vida é uma sucessão de momentos épicos. Inspirados por clássicos como “Romeu e Julieta”, sonhamos com paixões arrebatadoras e finais felizes. No entanto, essa idealização muitas vezes nos cega para as complexidades da realidade.
Na literatura, encontramos personagens que personificam o amor romântico. Conforme a professora do curso de graduação em Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras e Cultura da Universidade de Caxias do Sul e doutora em Teoria da Literatura, Rosane Maria Cardoso, o livro “História do Amor no Ocidente”, escrito por Denis de Rougemont, explora as origens do amor na cultura ocidental, ao analisar o mito de Tristão e Isolda. A obra aborda o conflito entre paixão e casamento, no contexto ocidental, oferecendo uma visão profunda e atualizada sobre esse tema essência.
Contudo, essa idealização romântica e sua relação com a realidade nem sempre acontecem. Embora histórias românticas, frequentemente, terminem com o “felizes para sempre”, na vida real, os casamentos eram muitas vezes arranjados e distantes desse ideal. A professora explica que o período literário Realista, por exemplo, questionou essa idealização, mostrando como as relações realmente acontecem. Ela esclarece que, hoje, apesar da liberdade individual, ainda há pressão social para formar uma família, situação que acaba encontrando eco com o período do Romantismo.
O amor intenso e autodestrutivo transcende gerações, mas também nos alerta sobre os perigos da obsessão. Assim como eles, muitos de nós nos perdemos nas tempestades emocionais, buscando a eternidade em relacionamentos fugazes. Histórias reais também ecoam essa melodia. Pense em Cleópatra e Marco Antônio, cujo amor desafiou impérios e selou seus destinos. No entanto, essa paixão ardente também trouxe tragédia e guerra. O amor romântico, como um feitiço, pode nos levar a escolhas irrevogáveis.
Conforme o psicólogo, Clenio Lopes, desde a infância, somos expostos a histórias de mocinhos e mocinhas apaixonados, o que reforça essa idealização acerca das relações amorosas. No entanto, quando essa fase de encantamento e paixão passa, a realidade do relacionamento se impõe, e surgem desafios como expectativas não atendidas e sofrimento emocional. A romanização das relações traz cobranças sociais e a necessidade de trabalhar juntos para um relacionamento saudável. Além disso, o psicólogo explica que conceitos idealizados de amor podem levar a relações abusivas e destaca a importância da responsabilidade afetiva.
Mas o que acontece em nosso cérebro quando nos apaixonamos? A neurociência revela que áreas relacionadas ao prazer são ativadas, inundando-nos com sensações intensas. Corações aceleram, mãos suam, e somos impulsionados a buscar a presença da pessoa amada. No entanto, essa mesma paixão pode nos aprisionar em ciclos de sofrimento. Aqueles que “sofrem por amor” estão presos, não raro, em um ciclo vicioso, mas que precisa se rompido. Como ratos em um labirinto, perseguimos o afeto do outro, às vezes sendo recompensados, outras vezes ignorados. O amor, paradoxalmente, nos faz ansiar pelo que nos falta. A solidão, nesse contexto, é uma sombra persistente.
Segundo a antropóloga e professora titular da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Maria Catarina Chitolina Zanini, existe uma diversidade muito grande de relações afetivas, a depender do tipo de sociedade na qual as pessoas estejam inseridas. Enquanto a sociedade brasileira, de base cristã, valoriza a fidelidade, expressa pelo casamento monogâmico, outras culturas, como algumas sociedades muçulmanas, permitem a poligamia. Conforme a professora, a antropologia revela que o amor romântico, muitas vezes idealizado, é uma construção histórica, e a liquidez nas relações afetivas é uma realidade contemporânea. Tanto é que as gerações atuais exploram diferentes possibilidades, antes de tomar decisões, buscando experiências marcantes em um mundo onde o tempo e o espaço é percebido de maneira diferenciada.
Antigamente, o casamento era visto como a formalização de um vínculo romântico, legalizado pelo Estado. No entanto, atualmente, nem todo amor precisa resultar em casamento, pondera a professora. Segundo ela, a ideia de individualismo influenciou essa mudança, transferindo a responsabilidade de escolher um parceiro para os próprios indivíduos. Enquanto, algumas sociedades, ainda, seguem o modelo prescritivo, em que o casamento é determinado, desde o nascimento; outras adotam o casamento preferencial, onde os indivíduos têm mais liberdade de escolha.
O amor e o casamento são influenciados por fatores históricos e culturais específicos, e essa perspectiva pode ser aplicada, também, ao contexto do Rio Grande do Sul. Principalmente, se observados sob a perspectiva no índice de divórcio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a taxa de casamentos no Estado é de 4,2 casamentos a cada mil pessoas, a segunda menor do país, ficando atrás, apenas, do Piauí (3,4). A média nacional é de 5,9 casamentos a cada mil moradores.
Esse comportamento e o próprio o conceito do amor romântico sempre influenciou os relacionamentos humanos e têm raízes históricas e filosóficas, conforme a mestre em Filosofia e doutoranda em Filosofia, pela Universidade de Caxias Sul, Thailize Fontoura Brandolt da Rocha. O conceito de amor romântico começa com o amor platônico, representado pelo “Eros”, que é visto como um desejo irrealizável e uma busca pela metade perdida. Além disso, os gregos trouxeram à tona os conceitos de “Filia” (amizade) e o “Ágape” (amor cristão). Neste sentido, a doutorando explica como essa idealização do amor romântico, ainda, hoje afeta nossas relações interpessoais, assim como, os estereótipos de beleza também desempenham um papel importante nesse contexto.
A advogada, Eunice Teresinha Chalela, explica que o novo Código Civil, em discussão no Senado Federal, traz mudanças significativas no conceito de família. Agora, o termo “família” abrange vínculos não conjugais, chamados de “parentais”, e também famílias monoparentais, formadas por mães ou pais solo. Além disso, a união homoafetiva, reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, em 2011, é legitimada. Importante destacar que o texto elimina as referências a “homem e mulher” ao mencionar casais ou famílias. Na opinião da advogada, o anteprojeto de lei, em tramitação no Senado, servirá para adequar as mudanças que, efetivamente, a sociedade pratica, a fim de que a legislação também comporte todas essas mudanças de ordem social.
Talvez esteja na hora de repensarmos o amor romântico. Não precisamos de finais dignos de Hollywood para encontrar significado na vida. Até porque, relações reais são imperfeitas, mas nelas reside a verdadeira magia. O amor, afinal, é mais do que paixão; é companheirismo, respeito e aceitação.
Então, enquanto a trilha sonora do amor romântico toca, lembremo-nos de que somos os protagonistas de nossas próprias histórias. Que nossas escolhas, mesmo sem holofotes, moldam o enredo. E que, no fim das contas, o amor é uma jornada complexa, mas também a mais humana de todas.
Quem aprendeu a lidar com as diferenças e, principalmente, a vencer os obstáculos que é viver a dois, isso, por quase 37 anos, é o casal Edneia e Dário Falqueto. A esposa conta que o casal se conheceu, quando ela tinha, apenas, 14 anos e subiu ao altar, em 20 junho de 1987. O casamento foi abençoado com a chegada de duas filhas, Aline e Alice; e a felicidade completa, com a chegado do neto Ângelo, em 2018. Mas, apesar de contar com muitas alegrias, o caminho a dois, também, precisou vencer muitos obstáculos, encarados com maturidade e companheirismo, o segredo, conforme a esposa, para ter uma vida feliz a dois. Inicialmente, Dário e Edneia eram amigos, mas com a convivência foi surgindo um interesse mútuo e eles decidiram começar a namorar. Desde então, eles enfrentaram muitos desafios e buscando, um no outro, respeito e compreensão. Além disso, eles construíram uma empresa familiar juntos. Portanto, para eles, o romantismo está nos pequenos gestos do dia a dia. O amor cresceu, mesmo diante das dificuldades, e a oração foi fundamental no relacionamento dos dois.
O casal Alberto e Cristiane Irigoyen concorda, eles também se conheceram na juventude, quando os dois tinham uma visão diferente, acerca do mundo, pois eles se tornaram cristãos, depois da união matrimonial, que aconteceu há 26 anos (21 de fevereiro de 1998). Contudo, o que não mudou é o discernimento quanto a pedir ajuda, quando necessário. Neste sentido, eles orientam casais, mais jovens, a contar com essa rede de apoio, principalmente, da família em Cristo. Desde então, o casal relata que enfrentou muitos desafios, mas manteve viva a chama desse amor que, com a chegada das filhas, Tahena, Alice, Maressa e Catherine, se solidificou. Eles admitem que não tinham um plano organizado para essa vida a dois, no início, mas que sonhavam em construir uma família. Portanto, quando encontraram a palavra de Deus, a vida começou a se transformar. Na opinião deles, o casamento, com intimidade e fidelidade, evolui quando os cônjuges assumem, de fato, esse compromisso.
Ainda pensando sobre como às mudanças culturais e tecnológicas impactam o nosso cotidiano e a nossa maneira de encarar a vida, eu gostaria de informar para você que essa reportagem ou, ao menos, o texto foi todo gerado com auxílio da inteligência artificial, o que demonstra que nas relações, assim como na vida, o que mais importa é às perguntas, não necessariamente às respostas.
Espero que vocês tenha tido um Feliz Dia dos Namorados! Mas, principalmente, que vocês saibam viver o amor com a devida sabedoria e maturidade que ele impõe para uma vida a dois bem sucedida, dure o tempo que durar!