Durante entrevista ao Jornal da Caxias, desta quinta-feira (05), o presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), Celestino Loro, traçou um panorama crítico da atual conjuntura econômica e institucional do país, cobrando maior celeridade nos projetos de infraestrutura e defendendo com firmeza um Estado mais enxuto, eficiente e comprometido com o crescimento sustentável.
Conforme Loro, a principal pauta da CIC no momento está centrada em um tripé estratégico de infraestrutura, com impacto direto na competitividade da Serra Gaúcha e na qualidade de vida da população: o novo Aeroporto de Vila Oliva, o Porto Meridional de Arroio do Sal e a reestruturação da Rota do Sol. Na opinião do presidente de uma das principais entidades empresariais do Estado, essas três obras são altamente sinérgicas. Loro destacou ainda a proposta da CIC de financiar estudos técnicos para a requalificação da Rota do Sol, enfatizando que essas intervenções beneficiariam toda a comunidade local e regional, e não apenas o setor produtivo.
Sobre o Aeroporto de Vila Oliva, o presidente da CIC Caxias reforçou que não se trata de um projeto local, mas regional, e cobrou rigor na eventual participação da Infraero na condução dos trabalhos a partir da entrega da obra. Ele recordou que a empresa pública perdeu espaço no mercado, desde 2012, com a privatização da maioria dos grandes aeroportos do país e que restaria, apenas, o Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
Durante a entrevista pensando na economia do país, Loro voltou a insistir na urgência de uma reforma administrativa que redesenhe o tamanho do Estado brasileiro. Para ele, a máquina pública cresceu de forma descontrolada e, atualmente, isso trava o desenvolvimento do país.
Quanto aos próximos meses do governo Lula, o presidente da CIC fez uma avaliação preocupante apesar de reconhecer que o primeiro trimestre foi promissor. Para Loro, o que se percebe é uma retração no setor de bens de capital, com forte impacto na indústria pesada e na exportação. Neste sentido, o líder empresarial fez duras críticas à taxa de juros elevado e que na opinião dele acaba freando investimentos. Ainda assim, o governo continua gastando demais e, com isso, precisa aumentar a arrecadação. Loro ainda destacou a incoerência entre as ações do Banco Central e as do governo federal. Ao comentar a instabilidade política e a falta de previsibilidade, o dirigente empresarial criticou a ausência de planejamento e a polarização ideológica. “Nosso problema hoje não é mais o projeto, é a autoria do projeto”, lamentou.
Para Celestino, a agenda prioritária do país deve passar por investimentos em infraestrutura, responsabilidade fiscal, reformas estruturantes e despolitização das decisões estratégicas. “Sem investimento, não há crescimento e, sem pragmatismo, o Brasil continuará perdendo o bonde da história”, concluiu o presidente da CIC Caxias.
Confira aqui a entrevista completa.