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Reconheceu essa voz? Sim, é ela. A Ansiedade de Divertida Mente 2. O filme sucesso de bilheterias e um dos mais esperados do ano embala a matéria especial da vez. Hoje nós vamos falar sobre sentimentos, a construção deles para personagens tão cativantes e memória afetiva. Afinal, pelos filmes a gente acompanha o crescimento da Riley, a construção das memórias dela e o desenvolvimento da personagem. E que tal a gente entender um pouquinho mais sobre a construção dos sentimentos, que são abstratos e se transformaram em personagens tão queridos pelo público?
Não é nenhum exagero se a gente dizer que tudo tem um motivo dentro da construção de Divertida Mente. O formato, as cores, os tamanhos e expressões, tudo tem alguma relação para que os nove sentimentos do filme sejam tão especiais e abraçados pelo público. Cada detalhe nesses desenhos está relacionado com os impactos dos sentimentos em nós. Para entender melhor isso conversamos com o pesquisador da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e pós-doutorando em Filosofia, Bruno Bass, que explica o processo para um personagem cinematográfico ser construído.
A partir dessa costura e necessidade de cada uma das emoções retratadas no longa outros aspectos chamam a atenção. Você já reparou que a Alegria tem cabelos azuis? Que é a cor predominante da tristeza. E será que a expressão “vermelho de raiva” tem alguma ligação com o senhor rabugento que vive na cabeça da Riley?
Falar de sentimentos não é fácil para a maioria das pessoas. Muitas vezes é considerado até um tabu. Afinal, como explicar algo que não podemos ver? Se essa expressão é difícil para nós adultos, imagina para as crianças, que ainda estão descobrindo o que sentem e não conseguem descrever as sensações e o que passam internamente.
É nesse ponto que o filme entra em ação como um importante agente, que auxilia os pequenos a entenderem e contarem aos pais ou responsáveis o que estão passando ou sentindo. A pedagoga e neuropsicopedagoga, Bruna Oleas trabalha com os bonecos de Divertida Mente e conta como a animação contribui com a aprendizagem e desenvolvimento infantil, áreas em que atua.
Para melhor desenvolvimento dos ensinamentos é preciso que os adultos também se envolvam com as dinâmicas apresentadas para as crianças. É necessário que com as experiências facilitem a identificação das emoções e técnicas para melhorar o que os pequenos estão sentindo.
Mas para se tornarem referência os “DivertidaMentes” levaram um certo tempo para serem construídos. O pesquisador Bruno Bass descreve como deve ter sido parte da criação da animação que deu rostos aos sentimentos que, até então, eram totalmente abstratos.
Com essa identificação, fica mais fácil não só para as crianças entenderem o que estão passando, mas também para os adultos, que podem idealizar o que os filhos estão vivendo e também podem se entender de forma mais fácil e clara, podendo prestar maior apoio aos pequenos. É necessário, antes de qualquer coisa, estar disposto ao autoconhecimento e Divertida Mente entra como uma aposta para abrir o diálogo das emoções com todas as idades.
A pedagoga Bruna Oleas destaca que nenhuma emoção é ruim ou dispensável, pelo contrário, elas são necessárias. Nenhuma emoção é predominante e precisamos saber lidar com a variação de cada uma no controle e a partir disso dosar as ações que elas regulam.
Que falar de sentimentos siga sendo natural, que os tabus mantenham-se distantes, afinal para esclarecer o que se sente, é necessário falar sobre as emoções que vivem em nós. Quando uma pessoa fala das dores e amores abre espaço para que o outro também se expresse, também sinta-se confortável em compartilhar e não venha a reprimir os sentimentos.