A crise de bebidas adulteradas com metanol começou em São Paulo e se multiplicou pelo Brasil. O Ministério da Saúde confirmou até o início da semana, 17 casos de intoxicação em todo o país. A pasta investiga outros 200 casos suspeitos de intoxicação. Dois óbitos foram confirmados até o momento, todos em São Paulo.
A professora da Universidade de Caxias do Sul, Janaina da Silva Crespo, que leciona a disciplina FBX 4017 Fundamentos de Química Orgânica para os cursos de Biomedicina, Bacharelado em Biologia, Engenharia Ambiental e Engenharia de Materiais da UCS, concedeu entrevista sobre o tema para o Jornal da Caxias de quarta-feira (8).
Ela explica que o metanol é um tipo de álcool não próprio para consumo humano, usado na indústria e altamente tóxico. Informa que a ingestão dele pode causar cegueira, danos neurológicos e até a morte. Acresce que quando ingerido e tem contato com o corpo, novas substâncias químicas, que são tóxicas, são formadas durante o processo de metabolização e irão causar os danos.
A professora orienta que diante de sintomas como enjoo, tontura, confusão mental e forte dor de cabeça, é preciso procurar atendimento médico o quanto antes para uso do antídoto. A medicação trabalha com as enzimas e elimina o metanol pela urina. Em alguns casos, a hemodiálise também é realizada para retirada da substância da corrente sanguínea.
Atentar para a compra de bebidas em locais confiáveis, verificar a existência do selo da Receita Federal e se a tampa está lacrada, estão entre as orientações. Além disso, é preciso desconfiar de preços baixos, evitar bebidas sem rótulo e de origem desconhecida.
A professora contextualiza que o país investiga o uso de um etanol de menor qualidade, que contém um pouco de metanol; a possibilidade da lavagem de garrafas com esse etanol inferior; ou até mesmo o uso para reduzir o custo da bebida e aumentar o teor alcoólico. As investigações policiais ainda estão em andamento.
Acompanhe, em áudio, a entrevista na íntegra da professora da Universidade de Caxias do Sul, Janaina da Silva Crespo, ao Programa Jornal da Caxias desta quarta-feira (08).