A situação da saúde pública em Caxias do Sul voltou a ser discutida na Câmara de Vereadores nesta terça-feira (10). O vereador e presidente da Comissão de Saúde (CS), Rafael Bueno (PDT), criticou a gestão da pasta após receber dados por meio de um Pedido de Informações. Segundo ele, o secretário municipal da Saúde, Geraldo da Rocha Freitas Junior, alegou falta de tempo para visitar as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), o que, para Bueno, demonstra descaso com os usuários. Os números revelam uma fila de espera com aproximadamente 107.896 pessoas para consultas, exames e cirurgias.
Somente para consultas com especialistas, são 69.634 pacientes, incluindo 1.264 mulheres aguardando ginecologista desde 2019, 4.329 idosos esperando proctologia desde 2021, 2.271 crianças na fila por neurologia infantil desde 2022 e 1.348 por psicoterapia infantil.
Para exames, 30.971 pessoas estão na fila, 6.652 aguardam ressonância, 1.536 por tomografia e 1.196 por retinografia. Já na fila de cirurgias, são 7.291 pacientes. Casos extremos incluem esperas desde 2016 por cirurgia torácica, desde 2019 por neurocirurgia e cirurgia proctológica, desde 2020 por procedimento cardíaco e 2.098 aguardando por traumatologia.
Em entrevista à Rádio Caxias, Rafael Bueno afirmou que a saúde do município está em colapso e cobrou mais seriedade da administração. Ele também destacou a criação do cargo de secretário-adjunto, que, segundo ele, deveria ser utilizado justamente para apoiar o titular da pasta, inclusive na realização de visitas às unidades de saúde.
O vereador sugeriu a utilização dos 90 leitos disponíveis no Hospital Saúde, com possibilidade de ampliação para 110, e criticou a falta de resposta da prefeitura à proposta do Hospital Pompéia de construir um Centro de Especialidades de Exames em uma área de mil metros quadrados no bairro Cinquentenário. Bueno ainda defendeu a contratação emergencial de médicos por meio do Instituto Ideas, medida viável devido ao decreto de calamidade pública em vigor, e lamentou a não adesão recentemente do município ao programa federal Mais Médicos.
O vereador destacou ainda programas em andamento nos governos estadual e federal que devem ser buscados como alternativa pelo município. Entre eles, a criação de 600 novas vagas hospitalares, R$ 20 milhões da Operação Inverno, e o programa “Agora Tem Especialistas”, que prevê 150 carretas para oferecer exames e pequenas cirurgias. A União também reconheceu estado de emergência por dois anos, permitindo acelerar pré-operatórios e a realização de 1.300 cirurgias em áreas prioritárias.
Em entrevista à Rádio Caxias nesta terça-feira, a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, evidenciou o anuncio feito de R$ 100 milhões para a rede hospitalar, sendo R$ 40 milhões destinados à criação de 400 leitos clínicos e de suporte ventilatório. Contudo, até esta terça, hospitais de Caxias como o Geral e o Pompéia ainda não haviam aderido ao programa, o que impede o repasse dos recursos. Procurada pela reportagem, a assessoria do Hospital Pompéia informou que a proposta está, no momento, em análise interna. Quanto ao Hospital Geral, não houve retorno. Até o fechamento desta reportagem, também não houve retorno do secretário da Saúde, Geraldo da Rocha Freitas Junior.