Com a chegada da estação mais quente do ano, é essencial que aqueles com doenças respiratórias redobrem os cuidados e sigam as orientações médicas para evitar complicações, pois o verão com sua combinação de calor e tempo seco, pode ser um desafio para quem sofre de doenças respiratórias crônicas, como asma e rinite alérgica. Afinal, embora muitas pessoas associem essas condições ao inverno, o calor intenso e a baixa umidade do ar durante o verão também são fatores que contribuem para o agravamento dos sintomas.
Estima-se que cerca de 10% dos brasileiros vivenciem algum tipo de asma, enquanto 30% lidam com rinite alérgica. Durante o verão, a umidade do ar frequentemente cai abaixo de 20%, bem abaixo do ideal, ou seja, entre 40% e 60%, conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse ar seco pode desencadear crises respiratórias em pessoas com doenças pulmonares crônicas.
O pneumologista Luciano Gröhs destaca que o tratamento dessas condições deve ser contínuo, não restrito apenas aos períodos de crise. “Embora as variações de temperatura, com dias mais quentes e outros mais frios, possam gerar complicações, é fundamental manter o tratamento preventivo durante todo o ano”, explica. No entanto, ele alerta que no Brasil, apenas uma pequena parcela da população com asma segue as orientações médicas corretamente. “Apenas cerca de 15% dos pacientes com asma no Brasil mantêm um bom controle da doença, o que está frequentemente relacionado à desinformação e ao uso inadequado de medicamentos”, afirma.
Segundo o pneumologista, asma e rinite alérgica são doenças crônicas comuns, principalmente entre as crianças, mas podem afetar indivíduos de qualquer idade. Além dessas condições, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) também é uma preocupação crescente no país, especialmente no Rio Grande do Sul, onde ocupa a terceira posição em número de mortes. Fatores como o tabagismo e a poluição industrial são apontados como principais causas dessas doenças. Além de tratar adequadamente as doenças respiratórias, o especialista ressalta a importância do controle ambiental. “Manter o ambiente limpo e sem poeira, usar aspiradores com filtros de alta eficiência e praticar exercícios físicos regularmente pode ajudar a melhorar a função pulmonar e prevenir crises”, recomenda.
Outro ponto crucial é a prevenção por meio da vacinação. “Pacientes com doenças respiratórias crônicas devem estar atentos à vacinação contra a gripe, pneumococo e até o vírus sincicial respiratório, que pode ser grave em idosos”, alerta Gröhs. Além disso, o médico garante que as vacinas contra a Covid-19 também continuam sendo recomendadas, especialmente para aqueles que estão em grupos de risco. Por fim, o pneumologista destaca que qualquer tosse persistente por mais de duas semanas deve ser investigada. “Se a tosse durar mais de 7 a 14 dias, é um sinal de alerta de que algo não está certo. A espirometria é fundamental para diagnosticar doenças respiratórias e entender como o pulmão está funcionando”, conclui.