A situação estrutural da 1ª Delegacia de Polícia e da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), em Caxias do Sul, foi exposta pelo Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (UGEIRM). Durante a última forte chuva que atingiu a região, as delegacias sofreram novamente com alagamentos, evidenciando, segundo a entidade, a precariedade das estruturas.
De acordo com relatos de policiais civis, somente nos últimos seis meses o prédio da 1ª Delegacia de Polícia passou por dois alagamentos, que causaram infiltrações e perdas materiais significativas, comprometendo o andamento das investigações. No primeiro episódio, os bombeiros chegaram a instalar uma lona provisória na cobertura, mas a medida se mostrou ineficaz diante das chuvas mais recentes.
A DPCA enfrenta problemas semelhantes. No fim de junho, dirigentes do sindicato estiveram na unidade e constataram as más condições de infraestrutura, encaminhando um ofício à Delegacia Regional para solicitar providências. Pouco tempo depois, um novo alagamento atingiu novamente o prédio, que apresenta buracos no piso, paredes mofadas, janelas danificadas por cupins e um depósito completamente cheio.
Em 2021, o Ministério Público ajuizou uma Ação Civil Pública contra o Estado do Rio Grande do Sul para que fossem regularizados os Alvarás de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) nos prédios da Polícia Civil em Caxias do Sul. A Justiça estabeleceu prazo de um ano, não cumprido pelo governo, que vem solicitando prorrogações. Diante da demora e dos riscos à segurança, a UGEIRM pretende ingressar como terceiro interessado no processo, a fim de pressionar por soluções definitivas. Segundo o presidente do sindicato, Isaac Ortiz, as estruturas precárias demonstram abandono por parte do Governo do Estado, embora, mesmo nessas condições, os policiais continuem prestando um serviço essencial à comunidade.
Além do UGEIRM, o Sindicato da Polícia Penal (SINDPPEN) também expôs preocupações diante da exoneração de 106 servidores concursados apenas neste segundo semestre de 2025. Conforme levantamento no Diário Oficial do Estado (DOE), as baixas atingem diferentes áreas da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe): 30 agentes penitenciários administrativos, 53 agentes penitenciários e 23 técnicos superiores penitenciários.
O presidente do sindicato, Claudio Dessbessel, destacou que a categoria não tem reposição salarial há mais de 12 anos e que o cenário se agrava pela busca de melhores remunerações e pelo aumento dos casos de adoecimento psicológico, com nove registros de suicídio desde novembro de 2023. Ele ainda manifestou preocupação em relação ao modelo de gestão de servidores adotado para a nova penitenciária estadual, em construção na localidade de Apanhador, na divisa com São Francisco de Paula.
O SINDPPEN também ressalta o impacto financeiro das exonerações. A formação e o treinamento dos servidores exigiram investimentos públicos, e a substituição por novos concursados acarretará custos adicionais aos cofres do Estado.