Enquanto Japão testa sangue artificial universal, realidade brasileira exige solidariedade para garantir transfusões.
Em meio ao rigor do inverno e à queda sazonal nas doações, o Hemocentro Regional de Caxias do Sul traz um alerta sobre os baixos estoques de sangue. Tipos como AB negativo (zerado) e O negativo (em estado de alerta) preocupam diretamente a equipe técnica, que atende 49 municípios e 16 hospitais públicos da região.
Segundo a assistente social Roberta Rizzon, “o frio contribui para que as pessoas saiam menos de casa, o que impacta diretamente nas doações. Portanto, o trabalho é reforçar a importância de manter a cultura da doação durante todo o ano”.
Desinformação ainda afasta potenciais doadores
Além do clima, mitos e desinformação seguem como grandes obstáculos. Entre os mais comuns estão as ideias de que doar sangue engorda, emagrece, enfraquece ou transmite doenças. Segundo Roberta, nada disso é verdade. “A doação é segura, rápida, e acompanhada por profissionais o tempo todo. A coleta leva de 5 a 12 minutos”, destaca Roberta.
A especialista reforça que doar não traz riscos significativos à saúde. Em alguns casos, pode até trazer benefícios, como melhora da viscosidade sanguínea e estímulo à renovação celular.
Doar uma vez é suficiente? Sim — mas pode ser só o começo
Outro mito frequente é o de que, ao doar uma vez, a pessoa se compromete a doar sempre. De acordo com Roberta, “isso não é verdade. A doação pode ser única. Mas muitos se sensibilizam com a experiência e decidem repetir”.
Questionada sobre a sazonalidade dessas doações, Roberta disse que legislação brasileira permite que:
- Mulheres doem a cada 90 dias, até três vezes por ano.
- Homens doem a cada 60 dias, até quatro vezes por ano.
A idade permitida vai dos 16 aos 70 anos (menores com autorização dos responsáveis).
Já questionada sobre: Quem não pode doar? Roberta explicou algumas situações impedem temporariamente essa doação, a saber:
- Uso de antibióticos (14 dias após fim do tratamento)
- Doenças respiratórias, febre ou alergias ativas
- Certos medicamentos, como o propranolol
Ela também indica que, em caso de dúvida, os interessados podem e devem consultar a equipe do Hemocentro de Caxias, antes da visita.
Japão testa sangue artificial universal — mas Brasil ainda depende da solidariedade
Enquanto o Brasil enfrenta a escassez, o Japão dá passos promissores rumo ao futuro da hemoterapia. O país iniciou testes com sangue artificial compatível com todos os tipos sanguíneos, uma tecnologia que, segundo os pesquisadores, pode eliminar a escassez de transfusões e revolucionar os sistemas de saúde até 2030.
Apesar do avanço, o cenário atual ainda exige ação humana. De acordo com Roberta, “o sangue ainda não pode ser fabricado. É um bem essencial à vida, ou seja, só pode ser garantido pela doação voluntária. Mesmo que a ciência esteja avançando, salvar vidas, ainda hoje, depende de nós”.
Inverno solidário: vista o casaco e venha doar
Roberta finalizou a entrevista para a Rádio Caxias fazendo um apelo à comunidade: “O inverno convida a ficar em casa, mas também pode ser um momento de aquecer corações. Vista o casaco e venha doar sangue. Esse gesto simples pode salvar até quatro vidas”, disse a assistente social.
Enquanto a ciência se prepara para o futuro, salvar vidas hoje ainda depende de você. Portanto: Doe sangue. Doe vida. No site da Rádio Caxias você encontra o endereço do Hemocentro e os canais de contato.
Serviço:
Onde doar? Hemocentro de Caxias do Sul
Contato: (54) 3290-4580 | (54) 98418-8487
Atendimento: Segunda a sexta das 8h15 às 16h45 (sem fechar ao meio-dia); Sábados das 8h às 12h
Endereço? R. Ernesto Alves, 2260 – Centro, Caxias do Sul – RS, 95020-328
Precisa marcar com antecedência? Atendimento com ou sem agendamento
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