Caxias do Sul é um dos quatro municípios do Estado que integram o projeto “Agenda 2030 na Rua”, lançado pelo Fórum Ong Aids RS (FOARS) com a meta de inserir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU nas políticas públicas locais. A iniciativa surge em resposta às enchentes de 2024, que devastaram diversas regiões do Rio Grande do Sul, e visa promover uma reconstrução baseada em justiça social, equidade e sustentabilidade.
Além de Caxias, o projeto também está sendo implementado em Canoas, Pelotas e Porto Alegre. A proposta atua em duas frentes: primeiro, por meio de um diagnóstico participativo com entrevistas e questionários que avaliam o conhecimento e a implementação dos ODS nas cidades. Em seguida, será realizada uma etapa de capacitação, com oficinas, lives e campanhas que buscam formar lideranças locais preparadas para propor e defender projetos alinhados à Agenda 2030.
A coordenadora do projeto, Carla Almeida, destaca que o ODS 3.3, voltado ao combate a epidemias como HIV, tuberculose, hepatites e outras doenças negligenciadas, é o foco central da iniciativa. “O Rio Grande do Sul enfrenta uma epidemia generalizada de HIV/Aids, especialmente na região metropolitana de Porto Alegre, com índices muito superiores à média nacional. Isso por si só já justifica a escolha desse objetivo como prioridade”, afirma.
Carla ressalta que o conceito de saúde adotado pelo projeto vai além da ausência de doença, sendo entendido como bem-estar social e garantia de direitos humanos. “As doenças que tratamos são determinadas socialmente. Trabalhar o ODS 3.3 significa também enfrentar o racismo, o machismo, as desigualdades de gênero, de classe e de orientação sexual. É uma agenda comprometida com a redução das desigualdades estruturais”, explica.
Em Caxias do Sul, a proposta é construir o diagnóstico de forma horizontal, em parceria com a comunidade, identificando desafios e formulando estratégias viáveis de implementação dos ODS. Além disso, o projeto busca fortalecer a atuação política e o controle social das lideranças locais, para que possam influenciar diretamente nas decisões sobre políticas públicas.
A iniciativa está prevista para ser concluída em novembro, com a expectativa de gerar insumos que contribuam para o desenvolvimento de ações mais eficazes e inclusivas nos municípios. “Temos pouco mais de cinco anos até 2030. Fortalecer as comunidades e promover a participação cidadã são caminhos essenciais para transformar os ODS em realidade nos territórios afetados”, finaliza Carla.