Fechamento dos contêineres, organização dos catadores e créditos de carbono estão entre as soluções defendidas por Tiago Pavelski
A mistura de lixo orgânico com recicláveis está comprometendo o trabalho de reciclagem em Caxias do Sul e reduzindo o aproveitamento dos materiais coletados. O alerta é do presidente da Cooperativa Paz e Bem, Tiago Pavelski, que lidera o maior grupo de reciclagem do Rio Grande do Sul, com 78 cooperados e uma média de 60 toneladas de materiais reciclados por dia.
De acordo com Pavelski, metade do material coletado acaba retornando ao aterro sanitário por estar contaminado. “Quando o reciclável é misturado ao orgânico, tudo se perde. Um papel limpo, quando molhado ou sujo com restos de comida, não tem mais valor. O mesmo acontece com o plástico e outros materiais”, explicou.
Ele destacou que a falta de conscientização na hora de descartar o lixo e a desorganização nos contêineres públicos agravam o problema. “Muitas vezes, as pessoas separam corretamente em casa, mas o material é misturado nos contêineres. Há também quem revirar o lixo, o que contamina tudo de novo”, destacou o presidente.
Pavelski defendeu que a prefeitura e a Codeca adotem contêineres fechados para a coleta seletiva e orgânica, como já ocorre em Porto Alegre. “Os contêineres abertos de Caxias permitem a entrada de chuva e animais, além de facilitar a mistura dos resíduos. Se fossem fechados, tanto o verde quanto o amarelo, haveria mais qualidade no material e menos desperdício”, afirmou.
Ele propôs que a mudança seja feita gradualmente, começando pelo centro da cidade, com a substituição dos equipamentos por versões maiores e vedadas. “Não é preciso trocar todos de uma vez, mas iniciar um processo que traga resultado real na reciclagem”, sugeriu.
Outro ponto destacado pelo presidente é a necessidade de organizar os catadores informais que atuam nas ruas. Pavelski defende a criação de novas cooperativas e associações, permitindo que essas pessoas trabalhem de forma regularizada e com segurança.
“Não queremos que os catadores deixem de existir, mas que atuem de maneira organizada, com estrutura, proteção e renda garantida. Hoje, muitos reviram os contêineres, misturam os resíduos e acabam prejudicando o trabalho coletivo”, ressaltou.
O líder da cooperativa também comentou sobre a COP30, conferência climática que será realizada no Brasil em 2025, que acontece em Belém do Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro, e terá a cobertura da Rádio Caxias. Tiago destacou a importância de políticas que incentivem financeiramente a reciclagem e a sustentabilidade.
Pavelski aposta no uso dos créditos de carbono como ferramenta para fortalecer o setor. “Esse recurso já existe em outros países e poderia ser aplicado em cooperativas como a Paz e Bem. Seria um investimento para melhorar maquinários, infraestrutura e ampliar o impacto positivo do nosso trabalho”, defendeu.
Encerrando sua fala, Pavelski fez um apelo à população:
“A reciclagem começa em casa. Separar corretamente o lixo, respeitar os contêineres e proteger o material da chuva são atitudes simples que fazem diferença. Cada gesto ajuda a preservar o meio ambiente e garante sustento para dezenas de famílias que vivem da reciclagem.”
A Cooperativa Paz e Bem segue como referência estadual em inclusão social e sustentabilidade, mostrando que o futuro de Caxias do Sul depende de um trabalho coletivo entre poder público, cooperativas e cidadãos conscientes.
 

 
			 
					



