Assim como os seres humanos, nossos pets também estão suscetíveis a transtornos mentais e emocionais. Cães e gatos, por exemplo, podem apresentar sintomas de ansiedade, reatividade, agressividade, medo, fobia, comportamento compulsivo e até dermatites, muitas vezes como resultado de mudanças em seu ambiente, a perda de um familiar ou até mesmo o envelhecimento. É por esse motivo que a campanha de “Janeiro Branco pet”, que apesar da sua “versão” original ser sobre humanos, também é válida para os bichinhos.
De acordo com o médico-veterinário Alessandro Nora Lucena, os animais têm se tornado cada vez mais sensitivos devido à convivência estreita com os seres humanos. “Eles acabam absorvendo o estresse do nosso cotidiano. Isso se deve ao fato de que, ao interagirmos tanto com eles, acabamos sendo um reflexo do que eles sentem”, explica Lucena. Quando isso acontece, surgem doenças comportamentais que podem, sim, gerar transtornos mentais e emocionais nos animais.
O especialista destaca que esses problemas podem se manifestar de várias formas. “Quando um pet está estressado, por exemplo, ele pode apresentar agressividade, depressão, falta de apetite, comportamento destrutivo, agitação e até mesmo lambedura excessiva da pele. Em casos mais graves, problemas como epilepsia de fundo emocional também podem surgir”, alerta Lucena.
Segundo o veterinário, esses transtornos são causados por uma combinação de fatores orgânicos, sociais, genéticos, químicos e psicológicos. O tutor, em especial, tem um papel importante nesse processo. Lucena observa que muitos problemas comportamentais em pets estão diretamente ligados ao estado emocional e psicológico do tutor, o que pode intensificar o estresse e outros distúrbios no animal. “É curioso, mas muitas vezes, ao explicar a condição do pet, o tutor acaba revelando que também está em tratamento para depressão ou ansiedade”, revela o veterinário.
Um dos exemplos mais comuns de transtorno emocional em pets é a lambedura excessiva de membros, que pode indicar um estresse emocional profundo. Nesse contexto, a relação entre o tutor e o animal se torna ainda mais relevante. “O pet acaba imitando o comportamento do tutor. Se o dono está estressado, o animal provavelmente também estará”, esclarece Lucena. “Hoje, muitos tutores tratam seus pets como membros da família, com o mesmo carinho e cuidado que oferecem a um filho. Isso significa que o emocional dos donos influencia diretamente o comportamento dos animais.”
Portanto, é fundamental que os tutores reconheçam os sinais de que seu pet pode estar enfrentando um problema emocional. A relação de proximidade e empatia entre humanos e animais está cada vez mais intensa, o que torna ainda mais importante cuidar não só da saúde física dos pets, mas também de seu bem-estar psicológico.