Nesta segunda-feira (12) o Papa Leão XIV teve um primeiro encontro com os jornalistas que atuaram durante o Conclave, no Auditório Paolo VI, no Vaticano. O evento durou cerca de 30 minutos, porém muito significativo. O correspondente da Rádio Caxias na Europa, Evandro Fontana, acompanhou o evento.
Leão XIV saudou os presentes em italiano e em inglês, agradecendo aos profissionais de mídia que, nestas últimas semanas, transmitiram para o mundo todo as atividades envolvendo a Igreja Católica. Pediu a liberdade de jornalistas presos ao redor do mundo “apenas por dizerem a verdade”. Defendeu a liberdade de expressão e solicitou uma comunicação voltada para a busca da paz, referindo-se a um dos trechos de Jesus no Sermão da Montanha. Afirmou também que a verdade deve ser buscada com amor e pediu a todos os jornalistas que fossem operadores da paz.
Prevost também convocou os repórteres para que “se comprometam com uma comunicação diferente, que não busque consenso a todo custo, não se revista de palavras agressivas, não abrace o modelo da competição, e nunca separe a busca da verdade do amor com o qual humildemente devemos buscá-la. A paz começa com cada um de nós: pela maneira como olhamos para os outros, ouvimos os outros, falamos sobre os outros; e, nesse sentido, a maneira como nos comunicamos é de importância fundamental”.
O Papa Leão XIV também afirmou que a Igreja reconhece, nessas testemunhas de jornalistas presos — naqueles que contam a guerra, mesmo à custa da vida — a coragem daqueles que defendem a dignidade, a justiça e o direito dos povos a serem informados, porque só os povos informados podem fazer escolhas dignas. “O sofrimento desses jornalistas presos”, afirmou Leão XIV, “desafia a consciência das nações e da comunidade internacional, chamando a todos nós para guardar o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa”.
Diante do “imenso potencial” da inteligência artificial, disse o Papa, é preciso ter “responsabilidade e discernimento para orientar as ferramentas para o bem de todos, para que possam produzir benefícios para a humanidade”.
“E essa responsabilidade”, acrescentou, “diz respeito a todos, em proporção aos papéis sociais”.
E foi além, fazendo um apelo para “desarmar as palavras e ajudar a desarmar a Terra: uma comunicação desarmada e desarmante” — acrescentou — “nos permite compartilhar uma visão diferente do mundo e agir de maneira consistente com nossa dignidade humana. Vocês estão na linha de frente, narrando os conflitos e as esperanças de paz, as situações de injustiça e pobreza e o trabalho silencioso de muitos para um mundo melhor. Por isso”, disse o Papa, “peço-vos que escolham com consciência e coragem o caminho de uma comunicação de paz”.
Ao final do encontro, ele desceu do palco e saudou os presentes com calma, parando algumas vezes para conversar e percorrendo o corredor central do auditório.
Texto de Evandro Fontana