Desde o dia 5 de agosto a família de uma menina, de 8 anos, busca entender o que aconteceu naquela tarde na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Santa Corona. Era dia retorno das aulas após as férias de inverno. No terceiro ano, a menina estava alegre e ansiosa para voltar a rotina. Como de costume, o pai, Daniel Felipe de Moraes Pereira, deixou a filha na escola para as aulas e retornou para casa.
Por volta das 14h30 a família recebeu uma ligação da direção da escola informando que a menina teria desmaiado e pediu para os pais irem até a instituição, uma vez que moravam próximo da escola. Ao chegar no local Daniel encontrou a filha deitada em um sofá e com sinais mais graves dos causados por um desmaio, conforme descreve.
No histórico de saúde a criança tinha o diagnóstico de arritmia cardíaca, e já convivia com um equipamento de marcapasso que, conforme a mãe, Muriel de Vargas, tinha passado por uma troca de bateria no mês de maio e teria ocorrido dentro do esperado e com liberação médica. Entretanto, um maior cuidado era necessário já que o equipamento havia sido alocado no ombro direito da menina. A mãe relata que as liberações para as aulas de educação física existiam desde o início da vida escolar da filha, mas com restrições. Entretanto, a família teria sentido um desinteresse sobre o assunto neste ano.
Ao observar a gravidade da situação Daniel colocou a menina no chão e iniciou as manobras de reanimação, envolvendo massagens cardíacas e respiração de resgate. Enquanto isso, alertou a equipe da escola que se tratava de uma parada cardíaca e que ela necessitava de atendimento médico e solicitou ajuda para um atendimento médico para a filha.
O pai lembra que pediu que ligassem para o Samu assim que chegou na escola, ao receber o telefone do diretor para falar sobre o que estava acontecendo ficou em dúvida de quem estava na linha.
A partir de uma demora pelo suporte o casal optou por levar a filha até um hospital e foi informado pelo diretor que não possuía carro para levar a menina até o pronto-socorro. Na sequência, um dos funcionários da escola colocou o veículo particular à disposição. A partir disso, Muriel e Daniel pegaram a filha nos braços e colocaram no carro em direção ao Hospital Pompéia, no Centro da cidade. Durante todo o trajeto o pai da criança seguia com as manobras de reanimação.
Com o congestionamento, já nas proximidades da instituição de saúde, os pais saíram do carro com a menina nos braços e foram até o Hospital com as próprias pernas. No trajeto de pouco menos de duas quadras Daniel teve uma torção no pé e recebeu ajuda próximo a rampa da instituição de uma enfermeira e um rapaz que estavam na frente do Hospital e pegaram a menina nos braços encaminhando-a ao pronto socorro.
Cerca de 20 minutos depois os pais foram informados que a equipe tinha conseguido reanimar a criança. Entretanto, devido a ausência de pediatria no Pompéia a menina seria encaminhada para outro hospital, nesse caso, a opção imediata era a transferência para o Hospital Geral. Já na ambulância, à caminho da instituição Muriel explicou ao médico que a filha tinha plano de saúde. Ainda no caminho para o Geral o médico começou a solicitar o encaminhamento para a instituição do convênio, mas precisavam ir até a unidade hospitalar para receber a autorização de redirecionamento.
Durante o transporte na ambulância a mãe soube que um chamado teria acontecido para uma criança que estava passando mal na escola, mas tinha sido cancelado na sequência, pois os pais estavam fazendo o socorro.
Cerca de 30 minutos depois de espera dentro da ambulância, em frente ao Geral, e aguardando por um leito de UTI que não estava livre na instituição, veio a confirmação de um leito livre no Hospital da Unimed, já por volta das 17h. Ali já foram acionados os médicos que acompanhavam a menina para atendimento.
Na sequência, uma bateria de exames foi solicitada, nesse instante a informação era de que os batimentos cardíacos estavam ritmados e o marcapasso também operava dentro da regularidade. Muriel relata que naquele momento a maior preocupação estava em possíveis problemas neurológicos devido ao longo tempo que a filha ficou sem oxigenação. Os danos seriam conhecidos no dia seguinte, após as tomografias serem realizadas.
Desde então, a família busca entender o que aconteceu naquela tarde e um respaldo da escola.
Muriel reflete sobre a falta de protocolos por parte da escola que tinha como uma segurança, mesmo sabendo de toda a situação, a proximidade da casa da família com a instituição.
A família relata que em nenhum momento recebeu algum contato ou suporte da Prefeitura, Secretaria de Educação ou da escola. Um boletim de ocorrência foi feito pelos pais no dia 6 de agosto, dia seguinte da perda da menina, buscando explicações para o ocorrido.
A reportagem da Rádio Caxias tentou contato com a direção da instituição de ensino que não se pronunciou sobre o caso. Uma posição da Secretaria Municipal de Educação (Smed) também foi solicitada. Por meio de nota, a pasta se solidarizou com a família da estudante e com a comunidade escolar. A Smed destacou na nota que a escola tinha a autorização formal da família para a menina realizar atividades físicas.
Sobre o ocorrido, a Secretaria informa que, logo que a situação foi identificada, a escola comunicou imediatamente os responsáveis legais da aluna e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Ainda foi feita a ressalva que a decisão de realizar o deslocamento da estudante por meio particular partiu exclusivamente do pai.
Por fim, disse que colocou à disposição atendimento psicológico especializado por meio do Município.
NOTA NA INTEGRA:
A Secretaria Municipal da Educação (SMED) se solidariza com a família da estudante e com a comunidade escolar.
Esclarece-se que, considerando o histórico de saúde da aluna, a escola solicitou previamente à família autorização formal por escrito para a participação da estudante em atividades físicas, a qual foi devidamente concedida e arquivada pela instituição de ensino.
Sobre o ocorrido, a SMED informa que, tão logo a situação foi identificada, a escola comunicou imediatamente os responsáveis legais da aluna — que residiam próximo à instituição — e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Ressalta-se que a decisão de realizar o deslocamento da estudante por meio particular partiu exclusivamente do pai, tendo sido utilizado, para isso, o veículo particular de um funcionário da escola.
A Secretaria expressa novamente sua solidariedade à família, colocando à disposição atendimento psicológico especializado por meio do Município e segue prestando apoio integral à equipe escolar, à família e à comunidade.