A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quinta-feira (16), a Operação False Care, que apura um esquema de fraudes e superfaturamento em serviços de home care, incluindo casos registrados em Caxias do Sul. A investigação aponta que uma empresa do setor manipulava disputas judiciais para obter contratos com planos de saúde, como o IPE Saúde, apresentando orçamentos fraudulentos e superfaturados.
Segundo a polícia, a empresa inflacionava os valores de concorrentes, que desconheciam as disputas, para garantir a melhor proposta – embora já superfaturada. Em oito meses de investigação, foram identificados dez casos de fraude em oito cidades gaúchas: Caxias do Sul, Esteio, Canoas, Capão da Canoa, Novo Hamburgo, Porto Alegre, São Leopoldo e Viamão.
Provas coletadas revelam um aumento expressivo na receita da empresa investigada, que adquiriu bens de luxo em curto prazo, compatíveis com valores dez vezes maiores que o capital social do negócio. A Polícia Civil também apura indícios de negligência no atendimento aos pacientes, como uso de materiais de baixa qualidade e profissionais despreparados.
Mandados e ações da operação
Sob o comando do delegado Max Otto Ritter, da 1ª Delegacia de Combate à Corrupção (1ª Decor), foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, quatro de busca e apreensão, além da apreensão de bens de luxo supostamente adquiridos com o dinheiro dos crimes.
Prejuízos e impacto
A operação visa apurar o impacto financeiro do esquema, especialmente no IPE Saúde, o que levou à atuação da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE). Além dos danos financeiros, a investigação aponta possíveis riscos à saúde dos pacientes atendidos pela empresa investigada, com relatos de má qualidade nos serviços prestados.
O home care, modalidade que realiza atendimento médico domiciliar, frequentemente envolve judicializações devido à ausência desse serviço na maioria dos contratos de planos de saúde. Com diárias que variam de R$ 300 a R$ 1.400, o setor se tornou alvo de práticas ilícitas que prejudicam pacientes e operadoras.
As investigações continuam, e a Polícia Civil busca dimensionar o prejuízo e esclarecer a atuação da empresa junto aos clientes necessitados do serviço.