A Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou a acender o sinal de alerta para a saúde bucal. Segundo dados recentes, mais de 3,5 bilhões de pessoas no mundo convivem com doenças bucais — muitas delas evitáveis com hábitos simples de higiene. No Brasil, apesar de avanços, práticas básicas continuam sendo deixadas de lado.
O dentista Diego Passarim, de Caxias do Sul (RS), afirma que o país ainda enfrenta problemas recorrentes, principalmente relacionados à escovação inadequada e ao uso quase inexistente do fio dental. O profissional explica que, durante o sono, a produção de saliva diminui, o que reduz a proteção natural contra bactérias. Ou seja, sem higienização adequada, a boca torna-se um ambiente propício para o desenvolvimento de problemas como cáries, gengivite e mau hálito.
Outro ponto crítico é o uso do fio dental. O dentista esclarece que, frequentemente, o hábito saudável é deixado de lado, mesmo sendo essencial. Passarin adverte que, “sem o fio dental, a limpeza fica incompleta e os riscos de inflamações e infecções aumentam”. Essa falta de cuidado com a saúde bucal se manifesta desde a infância. Passarim alerta para o risco da chamada “cárie de mamadeira”, que ocorre quando crianças adormecem após ingerir leite ou sucos sem escovar os dentes. O especialista reforça que o exemplo dos pais é determinante para a formação de bons hábitos.
Com o aumento da influência digital na rotina das pessoas, o dentista também aponta para o uso crescente — e perigoso — de cremes dentais abrasivos e clareamentos caseiros. De acordo com ele, “muita gente busca o branco artificial dos comerciais, mas acaba causando danos irreversíveis.” E alerta: “o verdadeiro clareamento atua na camada interna do dente, chamada dentina. Produtos abrasivos desgastam o esmalte e podem causar sensibilidade e retração gengival”.
Ele também chama atenção para o uso de escovas com cerdas duras, que podem provocar microlesões na gengiva e favorecer inflamações. Entre os grupos mais vulneráveis, estão os pacientes com diabetes. A condição interfere na cicatrização e altera o pH da saliva, o que aumenta a predisposição a doenças periodontais. Para o especialista, a recomendação é clara: a ida ao dentista deve ser preventiva, não reativa.
Campanha
O alerta da OMS coincide com o lançamento da campanha global do Dia Mundial da Saúde Bucal 2025, promovida pela Federação Dentária Internacional (FDI). Com o lema “A Happy Mouth is… A Happy Mind” (“Boca feliz é… mente feliz”), a ação destaca a ligação entre saúde da boca e saúde mental. A campanha aposta em uma linguagem acessível para todos os públicos. O mascote Toothie retorna com uma abordagem musical, reforçando que manter a saúde bucal é também uma forma de cuidar da autoestima, das relações sociais e da qualidade de vida.
Recomendações para manter uma boa saúde bucal
- Evite produtos clareadores ou abrasivos sem orientação profissional;
- Visite o dentista regularmente: a cada 6 meses, ou 4 meses no caso de pacientes com doenças crônicas.
- Escove os dentes três vezes ao dia, especialmente antes de dormir;
- Use fio dental diariamente;
- Supervise a escovação das crianças;