Pela primeira vez na história, o Rio Grande do Sul superou a marca de 1 milhão de contratações formais no acumulado de janeiro a julho, conforme dados divulgados pelo Caged e analisados pela FGTAS. Mas, além do recorde, um dado chama atenção: as mulheres lideraram a ocupação de vagas, representando 54% das admissões no período.
Em números absolutos, o estado registrou 1.022.034 admissões e 945.994 desligamentos, gerando um saldo positivo de 76.040 empregos com carteira assinada. Os maiores responsáveis por esse desempenho foram os setores da indústria (34.527) e dos serviços (32.786). Para o diretor-presidente da FGTAS, José Scorsatto, esse protagonismo feminino no mercado de trabalho é reflexo de mudanças estruturais. “As mulheres estão ocupando espaços que antes eram quase exclusivamente masculinos, como a construção civil, a vigilância privada e até o transporte por aplicativos. Isso representa uma transformação social importante e um avanço no sentido da igualdade de oportunidades”, afirmou.
Segundo Scorsatto, o aumento da presença feminina está diretamente relacionado à busca por independência financeira, qualificação profissional e também à realidade de que muitas mulheres são, hoje, chefes de família. “O mercado já reconhece essa força de trabalho como essencial. E isso também exige das empresas um olhar mais atento para as condições de permanência e valorização das profissionais”, destacou.
Alice Falqueto, técnica em Mecânica, é um exemplo de mulher que superou preconceitos em um ambiente predominantemente masculino. Alice conta que foi alvo de desconfiança e preconceito, quando ingressou na profissão; e critica os estereótipos de que mulheres não podem trabalhar em mecânica ou que, se o fazem, não são femininas.
Apesar do bom desempenho acumulado no ano, julho registrou uma leve desaceleração no saldo de empregos: foram 131.438 admissões e 131.014 desligamentos, com um saldo de apenas 424 postos. O destaque positivo foi o setor de serviços (+694 vagas), seguido pela construção civil (+207). Já a agropecuária (-239), o comércio (-168) e a indústria (-70) fecharam o mês com saldo negativo.
Mesmo com o mercado aquecido, o estado enfrenta um desafio crescente: a dificuldade em preencher vagas, especialmente pela redução da população economicamente ativa. Segundo Scorsatto, o envelhecimento da população gaúcha e a baixa taxa de natalidade devem impactar a disponibilidade de mão de obra nos próximos anos.
“É fundamental investir em qualificação. As mulheres vêm se destacando justamente porque buscam mais capacitação e ocupam as oportunidades que surgem. Mas é preciso que toda a força de trabalho esteja preparada, ou o estado terá problemas para suprir a demanda das empresas”, alertou.
Com a chegada das festas de fim de ano e do verão, setores como o comércio, o turismo e os serviços devem ampliar a contratação de trabalhadores temporários. A Expointer, que abre nesta semana, reforça esse movimento. A partir de 1º de setembro, o Pavilhão do Artesanato sediará a 42ª Exposição de Artesanato do RS (Expoargs), com 189 artesãos de 56 municípios, muitos deles mulheres que encontram no artesanato uma forma de sustento e afirmação profissional. A edição de 2024 movimentou R$ 1,77 milhão em vendas.