“Na adoção, a família cria um vínculo de filiação. No acolhimento familiar, esse processo é temporário e voltado à proteção da criança ou adolescente”, explica Morgana Rech, coordenadora do programa “Famílias Acolhedoras” em Caxias do Sul.
A Fundação de Assistência Social (FAS) está em busca de voluntários para ampliar a rede de famílias acolhedoras no município, que atualmente atende apenas dois adolescentes em lares temporários, frente a um total de cerca de 220 crianças e jovens institucionalizados.
O acolhimento familiar é uma medida prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e tem como objetivo garantir proteção a crianças e adolescentes que precisam ser afastados temporariamente de suas famílias de origem, por motivos como negligência, violência, abandono ou outras violações de direitos. O programa desenvolvido pela FAS oferece uma alternativa mais humana ao acolhimento institucional, com apoio técnico e financeiro às famílias que se disponibilizam para cuidar temporariamente desses jovens.
“Ser família acolhedora é exercer a cidadania de forma ativa. Não se trata de um caminho para a adoção, mas sim de um serviço voluntário, com prazo determinado, que garante à criança ou adolescente o direito à convivência familiar e comunitária em um ambiente afetivo e seguro”, afirma Morgana.
Para participar do programa, os interessados devem ser maiores de 18 anos, não estarem cadastrados para adoção e ter disponibilidade emocional e estrutural para acolher uma criança ou adolescente por tempo limitado. Pessoas solteiras, casadas ou em qualquer configuração familiar podem se candidatar. A adesão é voluntária e passa por uma série de etapas, como entrevistas, avaliação técnica, capacitação e emissão de parecer para habilitação judicial.
Durante o período de acolhimento, a família recebe um subsídio mensal — atualmente de um salário mínimo — e é acompanhada por uma equipe multidisciplinar composta por psicóloga e assistente social. Além do cuidado com a criança, o programa também oferece suporte à família de origem, com o objetivo de reestruturá-la para que possa, se possível, receber novamente o filho.
“A ideia central é garantir um ambiente digno enquanto a situação familiar de origem é acompanhada e, se possível, reconstruída. É um trabalho que envolve não apenas a proteção imediata, mas também a reconstrução de vínculos e oportunidades futuras”, explica Morgana. Ela ressalta ainda que, mesmo sendo um processo temporário, o acolhimento familiar deixa marcas profundas tanto nas crianças quanto nas famílias que participam: “É um vínculo de afeto e cuidado que transforma vidas.”
O programa ainda está em fase de estruturação legal para se tornar um serviço oficialmente regulamentado por lei municipal, o que permitirá ampliar seu alcance e fortalecer a rede de apoio.
Interessados em saber mais ou se candidatar como família acolhedora podem entrar em contato pelo Instagram @familiaacolhedora.caxiasdosul ou pelo WhatsApp (54) 98425-0425.
Confira aqui a entrevista completa.